Eduardo Campos e Aécio Neves se reúnem no Recife
Eles conversaram por mais de três horas, na casa do governador de PE.
Nenhum confirmou se apoiaria o outro em um eventual segundo turno.
“Do meu ponto de vista pessoal, eu gostaria muito de, um dia, poder construir um novo projeto de Brasil ao lado do governador Eduardo Campos”. Foram essas as palavras ditas pelo senador Aécio Neves antes de entrar na casa do presidente nacional do PSB, nesta sexta-feira (21), no Recife, onde os dois almoçaram juntos. Na ocasião, ambos conversaram por mais de três horas.
Na saída do encontro, em conversa com jornalistas, o tucano e o socialista trocaram elogios entre si e evitaram falar em um eventual apoio de um ao outro, em caso de segundo turno nas eleições presidenciais. “Ninguém sabe se a eleição vai ter dois turnos, ninguém sabe se nós disputaremos o segundo turno, já imaginou?”, desconversou Campos. Perguntado se acredita, de fato, na possibilidade de ambos disputarem o segundo turno, o socialista indagou: “Por que não?”.
Evitando adotar um tom mais incisivo nas críticas ao PT, de quem era aliado até o ano passado, o governador de Pernambuco se limitou a dizer que as pesquisas de opinião têm apontado o desejo de mudança do eleitor. De acordo com o presidente do PSB, vários setores da base do governo e do próprio Partido dos Trabalhadores já discutem formas de se debater o futuro do país. “A nova política tão falada, tão debatida, ela começa com um novo governo, uma nova atitude do cidadão brasileiro”, resumiu.
Aécio, no entanto, que preside nacionalmente o PSDB, não poupou o governo federal de críticas mais severas. Para ele, a presença de Eduardo Campos na disputa presidencial oxigena o debate. “Quem trabalhou todo o tempo para que não houvesse disputa, parecendo querer ganhar quase que no WO, foi o governo, a presidente da República”, disse o mineiro, citando um “governismo de cooptação como jamais se viu antes na história do Brasil”.
Os senadores Júlio Delgado (PSB-MG) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) também participaram do encontro, que ainda teve a presença do ex-ministro Fernando Bezerra Coelho. No fim da tarde, o tucano se reúne com nomes do Solidariedade no estado, em um hotel na Zona Sul do Recife.
Eduardo Azeredo
Mais cedo, em uma reunião com membros locais do PSDB, incluindo o vice-presidente nacional, o deputado federal Bruno Araújo, o senador Aécio Neves saiu em defesa do colega Eduardo Azeredo, que renunciou ao mandato no Congresso e é réu no Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão mineiro. “Nós não vamos fazer o que fez o PT: afrontar a Justiça”, afirmou.
O presidente do PSDB disse que o partido vai respeitar a decisão do STF e que Azeredo é “conhecido e reconhecido em Minas como um homem de bem”, que “não fez fortuna na política”. Na carta de renúncia lida pelo filho de Azeredo no plenário, o ex-deputado disse que as acusações feitas pela Procuradoria Geral da República se baseiam em “testemunhos e documentos falsos”.