Eleições 2018: votar branco ou nulo é a solução?
Por André Luis
O crescente número de eleitores que tem declarado estarem indecisos ou que dizem votar branco ou nulo nas últimas pesquisas eleitorais para as eleições de outubro próximo, confirma um fenômeno que já vinha sendo percebido há algum tempo.
Fruto da crise política que se instalou no país, após os numerosos casos de corrupção que vieram à tona com as descobertas de esquemas de propinas e lavagem de dinheiro, investigadas pela Polícia Federal na operação Lava Jato e suas derivadas, criou um clima de desesperança no eleitorado brasileiro, que está descrente com a classe política brasileira.
Mas será que votar nulo ou branco como forma de protesto é a solução? Para muitos eleitores é, principalmente pelo fato de não encontrarem nos candidatos atuais, principalmente nos presidenciáveis, alguém que tenha condições de tirar o brasil do atoleiro que se encontra.
Outro fator determinante para este fenômeno é o fato desses eleitores não acreditarem mais na classe política e enxergar todos os candidatos como mais do mesmo. Mas será que é isso mesmo? Será que todo político é corrupto?
No Debate das Dez desta segunda-feira (27), o professor e historiador Adelmo Santos e o coordenador da Diaconia, Afonso Cavalcanti, ambos integrantes do grupo Fé e Política, falaram sobre quais seriam as causas para o crescente número deste fenômeno e seus perigos.
Questionado sobre se os eleitores teriam razão em estarem descrentes com a classe política, Adelmo disse que sim, mas defendeu que o voto nulo ou branco não seria solução, vindo estes a colaborar justamente com os candidatos de caráter duvidoso.
Adelmo ainda alertou que é preciso votar, pois fortalece a democracia. “Não somente votar, é preciso acompanhar o candidato eleito, prestando atenção no que ele faz durante o mandato, cobrar posicionamentos e transparência”, disse Adelmo.
Adelmo disse ainda acreditar, que tem como separar o joio do trigo e que os eleitores precisam estudar as propostas de governo dos candidatos ponto a ponto. “Assim tem como o eleitor ver qual o candidato que tem as melhores propostas para aquilo que ele acha importante”, disse Adelmo.
Para Afonso, o povo brasileiro vota mal e a prova disso é a qualidade da representação política que se tem no Brasil hoje. “Temos uma representatividade política que não representa a maioria do povo brasileiro e isso se deve justamente pelo fato do brasileiro votar mal”, disse Afonso, que ainda lembrou que a chegada do fascismo ao poder se deve justamente por situação semelhantes e lembrou que isso foi determinante para a chegada do nazismo ao poder na Alemanha.
Afonso disse achar pouco provável que o quadro se mantenha nas urnas. “Acha pouco provável que o quadro realmente se converta nas urnas, pois no Brasil o povo vota em quem vai ganhar”, disse Afonso lembrando que geralmente o eleitor muda de ideia na última hora, sendo influenciado pelas pesquisas e indo em direção ao time com mais chances de vencer.
Ouça abaixo a íntegra do debate de hoje: