Emílio Odebrecht diz que a imprensa brasileira deveria saber que a prática do “caixa dois” era corriqueira no Brasil
Por Inaldo Sampaio
Além de ter dito, em delação premiada, que há pelo menos 30 anos as campanhas políticas no Brasil são feitas com dinheiro de propina e de caixa dois, Emílio Odebrecht, patriarca da empresa que leva o seu nome, fez outra declaração surpreendente.
Ele disse que não vê motivo para que a imprensa dê tanto espaço às delações dos ex-dirigentes de sua empreiteira porque ela própria (imprensa) sabia, ou pelo menos deveria saber, que eleições no Brasil sempre foram feitas dessa forma.
Primeiro, as grandes empreiteiras se organizam em consórcio (ou em conluio) para participar da concorrência de obras públicas. Depois, superfaturam o preço dessas obras, destinando o excedente aos “propineiros”, que usam o dinheiro para aumentar seu patrimônio (caso de Sérgio Cabral) ou bancar suas campanhas eleitorais.
Isto, segundo o velho Emílio, não é novidade no Brasil. É uma prática que teve início no governo Sarney e se prolonga até hoje.