Família brasileira é encontrada morta dentro de carro em Orlando, nos EUA

Casal e criança de 10 anos moravam havia quase cinco anos na Flórida.

Irmã de vítima tenta arrecadar dinheiro para fazer traslado dos corpos.

Uma família brasileira foi encontrada morta neste sábado (7) dentro de um carro na garagem da casa em que vivia em um condomínio em Lake Nona, em Orlando, nos Estados Unidos.

O casal Marcio Ferraz do Amaral, de 45 anos, Cledione Ferraz do Amaral, de 34 anos, e a filha, de 10 anos, foram achados por um dos proprietários da casa, que era alugada havia quase cinco anos pela família. A história foi revelada na edição desta quarta-feira do jornal “Correio Braziliense”.

Amaral era piloto de avião no Brasil e a mulher dele trabalhava em um parque temático da Disney em Orlando. O G1 entrou em contato com a polícia norte-americana, que disse que não poderia passar detalhes do caso.

De acordo com o noticiário local WFTV, a polícia de Orange County acredita que a família já estivesse morta havia pelo menos três semanas. Segundo o jornal, um representante do condomínio onde viviam os Amaral sentiu um cheiro forte na residência e chamou a polícia. Os corpos foram encontrados já em decomposição.

Não havia sinais de arrombamento da residência ou de ferimentos nas vítimas. Segundo a imprensa local, a polícia trabalha com a hipótese de que as mortes tenham sido resultado de duplo homicídio seguido de suicídio.

O condomínio onde a família morava é considerado de luxo – tinha um campo de golfe, lago e vista para área verde. Um aluguel de uma casa de quatro quartos e piscina na região custa US$ 1,8 mil [cerca de R$ 4 mil], segundo sites de locação de imóveis de Orlando.

A emissora de TV “Wesh”, de Orlando, noticiou nesta segunda-feira (9) que a outra dona da residência alugada pela família, Fran Mastro, afirmou que os Amaral estavam com o aluguel atrasado havia vários meses e que o casal disse em um contato feito com ela que passava por dificuldades financeiras.

‘Sonho realizado’
A irmã de Cledione, Suênia Ruppenthal, morou em Planaltina, no Distrito Federal, com a irmã, e disse que recebeu a notícia da morte da família na segunda-feira (9), por meio de uma parente de Amaral que vive nos EUA.

“Estou em choque”, disse. “A família foi pega de surpresa. Meus pais também estão em estado de choque e não conseguem falar.”

Suênia disse que conversava sempre com a irmã e que ela dizia estar feliz. “Eles se adaptaram bem aos Estados Unidos, gostavam de lá, era o sonho deles. Ela dizia que estavam felizes, eles se amavam”, diz. “Não se vê uma foto deles tristes.”

Cledione nasceu no Paraná e Amaral era de São Paulo, onde eles se conheceram e tiveram uma filha.

“O sonho dela era ser comissária de bordo. Moramos em Planaltina [no Distrito Federal], mas ela foi para São Paulo e conseguiu realizar o sonho. Lá, conheceu o marido”, disse. “Eles viveram em São Paulo por volta de seis anos e de lá foram para os Estados Unidos com a filha, em 2009.”

A irmã diz que não acredita na hipótese sugerida pela imprensa americana de que as mortes tenham sido duplo homicídio seguido de suicídio. “Nunca houve agressividade. Ele era apaixonado por ela. Nunca houve algo que desabonasse ele. ”

“Dói ver a mídia divulgar duplo assassinato com suidício. A gente não sabe a forma que foi. Pode ser qualquer coisa. Não viram agressão física, a casa tinha gás interno para aquecimento, pode ter sido intoxicação, talvez eles estivessem saindo de casa.”

A polícia aguarda a conclusão de testes de DNA para confirmar a identidade das vítimas e a causa das mortes. Segundo Suênia, o laudo com o resultado da morte da família ficará restrito à família. “A gente quer manter a lembrança deles, a família alegre. Feliz como sempre”, disse.

Traslado
Suênia disse que entrou em contato com o Itamaraty, que informou que não pode intervir financeiramente para fazer o traslado ou a cremação dos corpos. “Eles disseram que podem ajudar com orientação e com trâmites do consulado de lá”, disse.

“O consulado passou o valor da funerária, que é US$ 8 mil para cada corpo”, disse. “Tem que ir até os EUA, tem a casa deles, tem que providenciar toda a papelada. Somos uma família humilde e não temos condições, são quase R$ 60 mil.”

Segundo a irmã, alguns amigos estão tentando intervir junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e associações de direitos humanos para pressionar o Itamaraty. “Alguns amigos estão entrando em contato com embaixadas para ajudar no visto, com passaporte de emergência”, diz. “Está difícil.”

Do G1

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