Filha de Dirceu nega privilégios e diz que cela do pai tem goteira
Na semana passada, deputada afirmou que ex-ministro tem regalias.
Filha disse em site que ex-ministro ‘come as quentinhas de almoço e jantar’.
Uma das filhas do ex-ministro José Dirceu publicou um relato nesta segunda-feira (5) sobre as condições da cela de Dirceu, que cumpre pena na penitenciária da Papuda, nos arredores de Brasília, pela condenação no processo do mensalão do PT. Segundo ela, o pai está em uma cela com goteiras e não tem regalias.
Joana Saragoça publicou um relato no site “Diário do Centro do Mundo”, reproduzido no Blog do Dirceu. Ela rebateu declarações dadas na semana passada por parlamentares da Comissão de Direitos Humanos da Câmara que visitaram Dirceu. A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) disse que Dirceu recebe tratamento diferenciado, em uma cela com televisão e micro-ondas.
A filha do ex-ministro afirmou que a cela é mal iluminada, o que dificulta a leitura.
“A cela em que meu pai fica tem uma goteira logo na entrada. Ela não é bem iluminada. São três lâmpadas fluorescentes penduradas por fios que mal iluminam todo o ‘quarto’, tornando ler na cela uma tarefa bem difícil. A televisão é pequena (de 19 polegadas), sem entrada USB ou DVD. Zé Dirceu assiste apenas a televisão aberta, como podem fazer todos os internos de bom comportamento.”
“Ele come as quentinhas de almoço e jantar e algumas outras coisas como bolachas, pão de queijo e goiabada que estão disponíveis na cantina – tanto para meu pai como para qualquer outro detento.” Ela negou que o pai tenha micro-ondas.
Segundo Joana Saragoça, o pai só estava sozinho na cela quando da visita dos deputados porque é o único dos presos do mensalão ainda sem direito ao trabalho externo. “Todos sabem que ele estava sozinho na cela porque todos que passaram por lá já tiveram o trabalho externo concedido.”
“Enfim, não há regalias ou privilégios, como a própria Comissão de Direitos Humanos da Câmara atestou em seu relatório, já público. Também nunca houve telefonema, como três investigações internas e da própria Vara de Execuções Penais já concluíram. Não existe motivo para não conceder o trabalho externo ao meu pai”, disse Joana.
Dirceu foi condenado a 7 anos e 11 meses, em regime semiaberto, que permite ao preso trabalhar. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já se manifestou favoravelmente ao pedido do ex-ministro, que tem oferta de emprego em um escritório de advocacia. Mas o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ainda não decidiu.