Frente Favela Brasil apresenta registro ao TSE para virar partido político
Grupo quer aumentar presença de negros no Congresso
Do Poder 360
Com foco no aumento da participação de negros na política nacional, a Frente Favela Brasil comunicou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta 4ª feira (30.ago.2017) que obteve registro em cartório civil. Essa é uma das condições impostas para a oficialização de partidos no Brasil.
Para o fundador da Cufa (Central Única das Favelas), Celso Athayde, a Frente Favela Brasil representa os marginalizados do país:
“Todos fazem política para marginalizado, mas não tem nenhum partido de marginalizado. Queremos falar por nós mesmos”, diz.
Athayde explica que o novo partido não quer simplesmente substituir ou desmerecer iniciativas afro ou periféricas em partidos já existentes, mas propor algo novo.
A Frente recebeu convites para se integrar a partidos já existentes. Mas não aceitou, afirma Athayde, por entender que a questão central não é lutar por direitos –o que os movimentos já fazem–, e sim lutar por poder. “Por que poder não pode?”, questiona.
“Nos espaços de poder, são as pessoas que já fazem parte da alta burocracia que falam pelos negros, que falam pela periferia”, diz Wanderson Maia, um dos presidentes da Frente.
Homossexual, Maia diz que, apesar de ser inegável a preponderância de problemas relacionados à comunidade negra quando se fala em periferia, o partido se preocupa em não ser excludente, seja do ponto de vista étnico-racial, seja do ideológico.
“Entre esquerda e direita, preto ou branco, permanecemos favela, comunidade, permanecemos periferia”, afirma.
“Quando a favela é olhada, é olhada no lugar de pessoas que não são potentes – estamos olhando com outro olhar, de que somos pessoas extremamente potentes e criativas”, completa Patrícia Alencar, que também ocupa a presidência da nova legenda.
Ela explica que, em cada cargo de direção, o partido pretende ter sempre um homem e uma mulher.
Criação
A Frente Favela Brasil foi criada há 1 ano, em evento na Providência, primeira favela do Brasil, no Rio de Janeiro. O grupo se junta agora a mais 56 agremiações que tentam obter 489 mil assinaturas de apoio, número necessário para que uma nova legenda possa concorrer a eleições.
A outra condicionante é a existência de diretórios em todos os 26 estados e no Distrito Federal –o que já foi alcançado pela Frente Favela Brasil. Segundo Celso Athayde, não deve ser difícil para o partido conseguir as assinaturas necessárias para entrar na disputa para o próximo ciclo eleitoral, que começa em 2018.
“Só de pontos voluntários para coleta de assinaturas, formados por pessoas que nos procuraram voluntariamente para abrir suas casas e comércios para isso, temos 300 mil, em todos os estados”, disse.
Nomes referência na comunidade periférica, como os rappers MV Bill e Rappin Hood, participaram do ato de registro do partido no TSE, mas não quiseram comentar se serão candidatos a algum cargo em eleições.
(com informações da Agência Brasil)