Governador de MT paga R$ 100 mil de fiança na PF e diz estar ‘tranquilo’
Pistola calibre 380 com licença vencida foi apreendida na casa de Silval.
Apartamento de Silval Barbosa foi alvo da Operação Ararath, nesta terça.
O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), pagou fiança de R$ 100 mil, equivalente a 138 salários mínimos, após ser preso em flagrante pela Polícia Federal por posse ilegal de arma. Ele ficou na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Cuiabá, por mais de quatro horas, e deixou o local no final da tarde desta terça-feira (20). Uma pistola calibre 380 foi encontrada no apartamento do governador, no momento em que agentes federais cumpriam mandados de busca e apreensão decorrentes da nova fase da Operação Ararath, deflagrada nesta terça, e que investiga crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Diversos mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em outras residências de autoridades públicas, empresas privadas e órgãos públicos. O deputado estadual José Riva (PSD) e o ex-secretário de fazenda Éder Moraes tiveram as prisões decretaras pela Justiça e foram encaminhados para Brasília (DF), onde devem prestar depoimento. As investigações apontaram que o dinheiro era oriundo de empresas negociadoras de crédito, chamadas de ‘factorings’, sendo algumas delas de fachada.
O secretário de Comunicação do estado, Marcos Lemos, confirmou ao G1 o pagamento feito pelo governador para ser liberado. Por meio de nota, Silval Barbosa diz estar “tranquilo e convicto de que todos os fatos, envolvendo o cumprimento de mandados judiciais em sua residência serão devidamente esclarecidos”. Ao deixar a sede da PF, o governador preferiu não falar com a imprensa.
“A polícia não chamou o governador para prestar esclarecimentos sobre isso [Operação Ararath]. Ele foi conduzido para prestar esclarecimentos com relação à questão da arma que ele mesmo apresentou para a polícia. Não tem nada em relação à operação. Ele apresentou os documentos da arma. O delegado recebeu os documentos e visualizou que a questão do registro estar vencido não era do conhecimento do governador”, declarou o advogado Ulisses Rabaneda, logo após a saída do governador da Superintendência da Polícia Federal.
Prisões e mandados de busca
A Polícia Federal deflagrou a quinta fase da Operação Ararath e cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas do deputado estadual José Riva (PSD), do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sérgio Ricardo Almeida, do prefeito Mauro Mendes (PSB), além do governador Silval Barbosa. O gabinete do prefeito também foi alvo da operação, como ainda o gabinete de um promotor de Justiça, no Ministério Público Estadual (MPE).
Os agentes federais também foram até a sede da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), no Centro Político Administrativo, e recolheram documentos. A operação foi motivada por um inquérito que tramita desde março no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual um dos investigados é o senador licenciado Blairo Maggi (PR-MT). Senadores e deputados federais têm prerrogativa de foro, isto é, só podem ser alvos de investigação autorizada pelo Supremo.
Pelo menos 59 pessoas, entre físicas e jurídicas, são investigadas por crimes financeiros e lavagem de dinheiro, conforme o juiz da 5ª Vara Federal de Mato Grosso, Jefferson Schneider, responsável por encaminhar as decisões judiciais referentes à operação ao Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado informou que decretou duas prisões, sendo uma preventiva e outra temporária, e 30 conduções coercitivas, quando o investigado é levado pela polícia para prestar esclarecimentos sobre o crime. Também disse que recebeu denúncia contra quatro envolvidos tornando-os réus na ação. Porém, o Supremo deliberou por mais mandados de busca e apreensão e ainda por prisões cautelares.
O ex-secretário Éder Moraes já atuou como secretário-chefe da Casa Civil, secretário da Fazenda, presidente da Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso S/A (MT Fomento) e da Agecopa, antiga Agência de Execução de Projetos da Copa. Atualmente ele atua como apresentador de um programa de televisão e teve prisão preventiva decretada pela Justiça Federal.
Ao deixar a Superintendência da PF dentro de um veículo policial, Moraes chegou a acenar para os jornalistas e curiosos que estavam no local. Um rojão chegou a ser disparado nas imediações no momento exato da saída do comboio da PF pela Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA).
Já o deputado estadual José Riva preferiu esconder o rosto com as mãos no momento em que o carro saiu da garagem da Superintendência da PF sob escolta. Os advogados dos investigados preferiram não comentar o assunto.