Governo não deixará alta da energia chegar a consumidor, diz Mantega

Lobão também disse que governo estuda forma de evitar repasse.

Falta de chuva torna necessário ligar termelétricas, que custam mais.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira (5) que o governo poderá agir para evitar que a alta no custo de energia, motivada pelo aumento da demanda neste verão, chegue ao consumidor. A possibilidade já havia sido mencionada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, um dia antes do apagão que afetou estados do Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, quando ele afirmou que não havia risco de falta de energia devido à demanda maior provocada pela falta de chuvas.

Na última terça, ao negar relação entre a falha na energia em parte do país e o alto consumo, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, também mencionou essa ajuda.

O orçamento deste ano prevê despesas de R$ 9 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) por causa de menos chuvas. A saída seria o Tesouro auxiliar ainda mais no pagamento dos custos provocados pelo acionamento das termelétricas, usinas movidas movidas a combustíveis como óleo e gás, que são usadas quando há produção menor nas hidrelétricas. A energia das termelétricas é cara, o que pode causar aumento nas contas de luz, se houver repasse das distribuidoras.

“Se for necessário, isso será feito mas não sabemos em que medida”, disse Mantega a jornalistas que perguntaram se o Tesouro poderia dar ajuda além do previsto para evitar o repasse dos custos. “Por enquanto (a falta de chuva), é um problema de janeiro e fevereiro, mas estaremos dando cobertura de modo que isso não passe para a tarifa do consumidor”, afirmou. O ministro disse também que é preciso esperar mais um pouco para saber se virá mais ou menos chuva.

Na última segunda-feira (3), o ministro Lobão, afirmou que o governo já estudava uma “solução semelhante” à adotada no ano passado para evitar o repasse automático.

Uso de térmicas segue alto
Para poupar água dos reservatórios e evitar que aumente o risco de faltar energia durante a época de seca (inverno), o acionamento de termelétricas vem sendo feito desde o final de 2012, mas o governo esperava que, com uma boa quantidade de chuva neste verão, o uso seria menor a partir de 2014. Como essa previsão não se confirmou, a geração pelas usinas termelétricas continua alta.

Para agravar essa situação, a falta de chuvas também elevou o preço da energia no mercado de curto prazo, que nesta semana está sendo vendida ao preço recorde de R$ 822,83 o megawatt-hora (MWh). Essa alta afeta distribuidoras que não têm energia suficiente para atender a seus mercados – e a conta também vai para a tarifa.

“Em termos de afluência, tivemos um janeiro atípico, muito abaixo da média de longo prazo”, disse na última terça o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, referindo-se à quantidade de água que chega aos reservatórios das hidrelétricas e pode ser transformada em energia. Janeiro foi o pior mês desde 1954 para as regiões Sudeste e Centro-Oeste em termos de afluência.

“Apesar disso, temos um equilíbrio estrutura entre oferta e demanda [de energia elétrica]. Temos uma grande quantidade de usinas e uma diversificação que permitem que, mesmo tendo um janeiro ruim em termos de afluência, não tenhamos nenhum problema no fornecimento de energia”, disse Tolmasquim. Esse equilíbrio, explicou, é é garantido pelo parque de usinas termelétricas.

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