Governo teme derrota expressiva em comissão e isolamento político de Dilma

Avaliação é que diferença grande de votos enfraqueceria a presidente para a votação em plenário no domingo (17)

Do Último Segundo

Nos últimos momentos antes da votação do parecer pela admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial nesta segunda-feira (11), a base governista se concentrou em buscar votos para evitar uma derrota expressiva. A avaliação é a de que, se isso ocorrer, poderá ampliar a percepção de fraqueza e de isolamento político da presidente.

Na outra ponta, a oposição avalia que uma boa vitória na comissão, aliada aos eventos da semana passada decorrentes da Operação Lava Jato, lhe dará fôlego na semana decisiva. De acordo com o Placar do Impeachment, do jornal O Estado de S. Paulo, ao menos 35 dos 65 deputados da comissão se declaram favoráveis ao impedimento. É necessária maioria simples.

Para a oposição, o momento é favorável ao impeachment e o placar na comissão vai variar de 35 a 39 votos pelo afastamento. Já aliados da presidente afirmam que, se houver derrota na comissão, será por uma margem de, no máximo, dois votos. O Planalto busca, ao menos, 30 votos favoráveis.

“Será um placar apertado”, previu o vice-líder do governo, deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “Vai ser por um placar apertado, mas vamos perder ganhando”, disse outro vice-líder do governo, Silvio Costa (PTdoB-PE). O governo começou a semana com pequenas vitórias que, avaliam, ajudarão a obter uma margem mais apertada de votos.

O presidente da Comissão Especial, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), decidiu que não haverá chamada nominal, o que faz com que os votantes se manifestem apenas por meio do painel eletrônico. A oposição avaliava que a votação nominal pressionaria, sob os holofotes da oposição, os deputados a se posicionar contra o governo.

Após conversa com o advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo, que ligou para confirmar presença na sessão, Rosso – que tendia a acatar o pedido da oposição para chamada um a um – consultou o regimento e concluiu que a solicitação só poderia ser acatada se o painel estivesse indisponível.

A expectativa da oposição e do governo é de que o impeachment comece a ser votado em plenário nessa sexta-feira (15). A votação deverá terminar no domingo (17). São necessários 342 votos dos 513 deputados para o impeachment ser aprovado.

Ausências- Além disso, foi antecipada a estratégia do governo sobre os ausentes. Se a oposição trabalha para convencer os deputados a votar “sim” ao impeachment, aliados do Planalto orientam colegas a não comparecer à sessão, se abster ou votar “não”. Na comissão, o deputado Washington Reis (PMDB-RJ) – um dos oito indecisos do grupo û faltará porque está internado com a gripe H1N1.

Reis disse à reportagem que em seu lugar votará Marx Beltrão (PMDB-AL), aliado do governo. A ausência dele foi um dos temas da reunião da oposição, que tentará garantir o voto de um suplente pró-impeachment. “A gente vai ter de correr para ver o suplente”, disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Rosso decidiu que só votará o suplente do bloco que registrar presença primeiro.

Integrante da comissão, Valtenir Pereira (PMDB-MT) se declarava até o último domingo (10) como “indefinido”. “Há uma forçação de barra no relatório e no pedido de impeachment.” Ele disse que não faltará à sessão e, se não decidir até a hora da votação, optará por se abster e tomar uma posição só em plenário.

Entre os oposicionistas, o cenário político da semana é visto com otimismo. “Estamos em ascensão”, disse o líder do PSDB, Antônio Imbassahy (BA). A divulgação de trechos da delação do ex-executivo da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo foi um dos fatores que teriam ajudado a convencer parlamentares indecisos a defender o afastamento.

O parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendando a anulação da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil também contribuiu. “Estamos muito animados”, afirmou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).

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