Marqueteiro de Temer acredita ter sido gravado por Joesley
Do blog da Andréia Sadi
O marqueteiro do presidente Michel Temer, Elsinho Mouco, acredita ter sido gravado por Joesley Batista durante um encontro que ocorreu uma semana antes da gravação feita pelo dono da JBS com o peemedebista no Palácio do Jaburu.
Elsinho confirmou ao Blog ter se encontrado com Joesley no fim de fevereiro, provavelmente no dia 28, porque Joesley queria uma conversa com o presidente da República. Temer foi gravado por Joesley no dia 7 de março.
No relato de Elsinho, Joesley estava à procura de um interlocutor com o governo após a saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria-Geral da Presidência. “E sugeriu que eu teria vantagens se fizesse isso”, afirmou o marqueteiro à reportagem, sem detalhar quais vantagens seriam essas.
O marqueteiro disse ter se recusado a “cumprir esse papel”.
“Diante da insistência dele [Joesley], eu disse algo mais ou menos assim, puxando pela memória: ‘Joesley, ligo pra ele já, só tem uma coisa, é ruim pra mim e péssimo pra você. Ruim pra mim porque não é minha função apresentar empresário, meu trabalho é comunicação. É péssimo pra você porque eu não tenho tamanho, não sou parlamentar, te diminui. Você não precisa de ninguém pra falar com ele. O maior produtor de proteína animal do mundo e o presidente da República não precisam de intermediários. Liga direto, é melhor’. Assim me despedi”, contou o marqueteiro.
Elsinho Mouco é personagem da delação da JBS. Uma reportagem da revista “Época” revelou uma nota fiscal, emitida pela empresa de Elsinho, que registra serviços de planejamento estratégico de comunicação. De acordo com delatores, essa nota seria fria e teria sido usada para justificar a entrega de R$ 1 milhão a Michel Temer.
Sobre o encontro questionado pela reportagem, Mouco acredita ter sido gravado pelo empresário. “Agora sei que ele [Joesley] já estava em acerto, em treinamento de ‘delação’, com o procurador Marcelo Miller desde a segunda quinzena de fevereiro. Ele claramente estava orientado e apavorado atrás de cúmplices. Ou seja, ele seguramente gravou a conversa esperando me cooptar. Queria me comprometer e comprometer o presidente. Como não aceitei, essa fita até agora não apareceu”, ponderou Mouco.
Miller nega as acusações de que tenha ajudado na delação da J&F.
No pedido de prisão de Joesley, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apontou omissão de gravações enviadas ao exterior, uma delas citando o ex-ministro José Eduardo Cardozo.
Assim como Mouco, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes declarou nesta semana acreditar ter sido gravado por Joesley Batista.