Mobilização em Defesa do Velho Chico ocupa o Centro e a Orla de Petrolina

A união dos Entre Serras Pankararu, de Petrolândia, e os Truká, de Orocó, ambos povos indígenas de Pernambuco, deu início ao ato público pelo Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, nesta terça-feira ( 03/06), em Petrolina, cidade também localizada às margens pernambucanas do Velho Chico.

O ato, organizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco-CBHSF, movimentou o centro da cidade, com uma caminhada em direção à Orla, onde a união dos indígenas continuou com um ritual simbólico de devolução de água limpa para o rio, que passa por uma série crise de degradação.

Mobilizacao-popular-Centro-Petrolina-PE-Foto-Regina-Lima-600x400

Durante o trajeto, que passou pela Prefeitura da Cidade e pela Praça da Catedral, onde o CBHSF instalou a exposição fotográfica ‘Os Chicos’, a população das lojas comerciais e repartições públicas eram mobilizadas por meio de músicas, faixas e palavras de ordem. Alguns preferiram fazer o roteiro de bicicleta, a exemplo das participantes do movimento Pedal Rosa, que reúne mais de 80 mulheres ciclistas, defendendo o transporte que impacta menos no meio ambiente.

“O rio é nosso maior patrimônio, por isso estamos aqui e queremos planejar outras ações mais efetivas, como um mutirão de limpeza”, destacou Patrícia Souza, uma das ‘rosinhas’, como são chamadas as participantes desse movimento sobre duas rodas, de Petrolina.

Indigenas-nas-margens-do-rio-Petrolina-Foto-Regina-Lima-600x400

Também na Orla da cidade, os participantes, entre eles muitos jovens, puderam conferir de perto o nível de degradação do Velho Chico, cuja poluição é agravada pelo esgoto jogado direto nas águas do rio. Entre os indignados com a situação presenciada, estava o poeta, compositor e cantador Reinivaldo Pinheiro, da cidade de Ouricuri, Pernambuco, que ainda encontra no São Francisco inspiração para sua arte.

“A beleza das águas não perde seu brilho mesmo com a sujeira jogada pelo ‘emporcalhador’ do rio: o homem, que cada dia tem demonstrado ser incapaz de viver em harmonia com a natureza”. A revolta do artista, diante das residências de luxo cujo esgoto é lançado no rio, gerou versos como os seguintes:

“Nessa vida o que me espanta / É gente que mora na beira do rio / Jogando lixo e esgoto a fio / Na água que bebe, almoça e janta / O rio deitado não se levanta / Pra se defender desse povo rico / que não se preocupa nem um tico / Em jogar fezes na água santa / Aí eu termino virando carranca / Pra defender o Velho Chico!”

O cacique Uilton Tuxá, coordenador da Câmara Consultiva do Submédio São Francisco, fez uma avaliação positiva das atividades realizadas em Juazeiro e Petrolina, no dia 3 de junho, pela mobilização de diferentes setores da sociedade, entre ambientalistas, lideranças ribeirinhas, estudantes e políticos.

“A sociedade está desprovida de conhecimento sobre a gravidade da situação do rio. Cabe a cada um de nós espalhar essa informação e tentar conscientizar a todos de que o futuro do rio está comprometido e depende da nossa mobilização”, ressaltou Tuxá.

Indios-Todos-Somos-Chico-Petrolina-Foto-Regina-Lima-600x400 Mobilizacao-Petrolina-Foto-Regina-Lima-576x400 Ritual-indigena-no-rio-Petrolina-Foto-Regina-Lima-600x400 Uilton-Tuxá-e-liderancas-indigenas-Petrolina-Foto-Regina-Lima-600x400

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *