O combate a hanseníase foi tema no Debate das Dez
Nesta sexta-feira (24) é o dia D de combate a hanseníase e a Secretaria de Saúde de Afogados da Ingazeira lançou sua campanha de prevenção e tratamento da doença.
A Hanseníase é uma doença infecciosa que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo. Pode variar de 2 a até mais de 10 anos. A hanseníase pode causar deformidades físicas, que podem ser evitadas com o diagnóstico no início da doença e o tratamento imediato.
Para falar sobre a hanseníase, prevenção, diagnóstico e tratamento, nos estúdios da Pajeú, a enfermeira e coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Sheila Pereira, a Coordenadora do programa Tuberculose e Hanseníase, Renata Alves e Madalena Brito, sanitarista e diretora da Vigilância em Saúde de Afogados da Ingazeira.
Renata informou que a hanseníase é caracterizada pela presença de manchas no corpo que podem ser avermelhadas ou esbranquiçadas e que muitas vezes as pessoas confundem com “Pano Branco”, mas que a grande característica da doença é a perca da sensibilidade no local da mancha.
Sheila disse que a hanseníase é transmitida através de secreções nasais, tosse e espirro, muito parecida como a forma de transmissão da gripe, por isso é muito importante que ao aparecer manchas no corpo deva se procurar imediatamente uma unidade de saúde.
“Quem tem uma mancha suspeita à gente pede logo que vá a uma unidade de saúde, onde será realizado exame clinico e caso haja suspeita será notificado e ser for constatado a hanseníase o tratamento começa imediatamente, cem por cento gratuito”, informou Sheila.
Sheila ainda informou que em Afogados da Ingazeira existem atualmente treze casos de hanseníase diagnosticados que estão passando pelo tratamento e sendo acompanhados pelas unidade de saúde da Vigilância em Saúde da secretaria.
Sheila disse que a duração do tratamento vária com o número de lesões que o paciente tem no corpo, mas que é entre seis a doze meses.
Madalena disse que esta sendo implantado no município a politica de atenção a saúde do trabalhador, e que Renata e Sheila já estão desenvolvendo um trabalho onde há a realização de palestras para o público alvo.
Madalena informou que tanto o trabalho de prevenção a saúde do trabalhador como a prevenção e tratamento para a hanseníase serão contínuos.
“Todas as unidades de saúde abrem um dia da semana a noite, especifico para o trabalhador, toda a equipe estará atendendo, médicos, enfermeiros/as, dentistas, justamente para acolher o trabalhador” informou Madalena.
Madalena disse que o município de Afogados é um dos poucos que consegui diagnosticar casos de hanseníase em crenças e destacou a importância do diagnostico precoce da doença. .
“É muito importante o diagnóstico precoce se você tem uma mancha, tem que procurar a unidade de saúde, porque pode ser tanto o pano branco ou a hanseníase e a pessoa não percebe”, disse Madalena.
Madalena também informou que quando o diagnóstico é tardio pode trazer algumas sequelas para o paciente e que o não tratamento de forma adequada também.
Com relação ao número de casos diagnosticados do município estar acima do recomendado pelo Ministério da Saúde, Renata disse que não ruim, pois mostra que a Secretaria de Saúde tem trabalhado de forma correta na descoberta da hanseníase.
“Esse trabalho que a gente vem fazendo é justamente para isso, a gente intensificou a buscativa dos casos, para que a gente possa chegar no nosso objetivo que é descobrir e tratar todos os casos de Afogados da Ingazeira, para que daqui a alguns anos possamos dizer que eliminamos a hanseníase do nosso município”, disse Renata.
Ouça abaixo o áudio do Debate na íntegra:
Saiba mais:
A Hanseníase é uma doença infecciosa que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo. Pode variar de 2 a até mais de 10 anos. A hanseníase pode causar deformidades físicas, que podem ser evitadas com o diagnóstico no início da doença e o tratamento imediato.
Sinais e Sintomas
- Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda ou alteração de sensibilidade.
- Área de pele seca e com falta de suor.
- Área da pele com queda de pêlos, especialmente nas sobrancelhas.
- Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade.
- Sensação de formigamento (Parestesias) ou diminuição da sensibilidade ao calor, à dor e ao tato. A pessoa se queima ou machuca sem perceber.
- Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés.
- Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
- Úlceras de pernas e pés.
- Nódulo (caroços) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
- Febre, edemas e dor nas juntas.
- Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz.
- Ressecamento nos olhos.
- Mal estar geral, emagrecimento.
Locais com maior predisposição para o surgimento das manchas: mãos, pés, face, costas, nádegas e pernas.
Importante: Em alguns casos, a hanseníase pode ocorrer sem manchas.
Transmissão
A transmissão se dá por meio de uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar – MB) e que, estando sem tratamento, elimina o bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim infectar outras pessoas suscetíveis.
O bacilo de Hansen tem capacidade de infectar grande número de pessoas, mas poucas pessoas adoecem, porque a maioria apresenta capacidade de defesa do organismo contra o bacilo.
A hanseniase não transmite por:
- Meio de copos, pratos, talheres, portanto não há necessidade de separar utensílios domésticos da pessoa com hanseniase.
- Assentos, como cadeiras, bancos.
- Apertos de mão, abraço, beijo e contatos rápidos em transporte coletivos ou serviços de saude.
- Picada de inseto.
- Relação sexual.
- Aleitamento materno.
- Doação de sangue.
- Herança genética ou congênita (gravidez).
Importante!
Assim que a pessoa começa o tratamento deixa de transmitir a doença. A pessoa com hanseníase não precisa ser afastada do trabalho, nem do convívio familiar.
Período de incubação
Em média de 2 a 5 anos.
Período de transmissibilidade
Enquanto a pessoa não for tratada.
Diagnóstico
O diagnóstico da hanseníase é basicamente clínico, baseado nos sinais e sintomas detectados no exame de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. Em raros casos será necessário solicitar exames complementares para confirmação diagnóstica.
Tratamento
O tratamento é ambulatorial, com doses mensais supervisionadas administradas na unidade de saúde e doses auto-administradas no domicílio.
Os medicamentos utilizados consistem na associação de antibióticos, denominados poliquimioterapia (PQT), que são adotados conforme a classificação operacional, sendo:
- Paucibacilares: rifampicina, dapsona – 6 doses em até 9 meses;
- Multibacilares: rifampicina, dapsona e clofazimina – 12 doses em até 18 meses.
Prevenção
Apesar de não haver uma forma de prevenção especifica, existem medidas que podem evitar as incapacidades e as formas multibacilares, tais como:
- Diagnóstico precoce.
- Exame dos contatos intradomiciliares (pessoas que residem ou residiram nos últimos cinco anos com o paciente).
- Aplicação da BCG (ver item vacinação).
- Uso de técnicas de prevenção de incapacidades.
Controle
O controle da hanseníase é baseado no diagnóstico precoce de casos, seu tratamento e cura, visando eliminar fontes de infecção e evitar seqüelas. A detecção de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos foi adotada como principal indicador de monitoramento da endemia, com meta de redução estabelecida em 10%, até 2011 e está inserida no Programa Mais Saúde: Direitos de Todos (2008-2011) / Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) estabeleceu diretrizes operacionais para a execução de diferentes ações, articuladas e integradas, que pudessem em todas as frentes de trabalho propiciar às pessoas que adoecem sejam atendidas nas suas necessidades e direitos. Sem perder de vista o desafio da horizontalização e da descentralização, organizou-se as ações do PNCH, a partir de cinco componentes/áreas: vigilância epidemiológica; gestão; atenção integral; comunicação e educação e pesquisa.
Fonte: Ministério da Saúde