OAB-PE promete dinheiro e auxílio a brasileira presa nos EUA
Apoio financeiro será utilizado para pagar advogados de Karla nos EUA.
Pernambucana está presa desde 16 de janeiro, acusada de fugir com filha.
A Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE) afirmou, nesta segunda-feira (27), após reunião na sede do órgão, em Santo Antônio, Centro do Recife, que irá apoiar financeiramente a pernambucana Karla Janine de Albuquerque, de 41 anos, que foi presa nos Texas, Estados Unidos, após descumprir ordem judicial e tentar fugir com sua filha, Amy, do ex-marido, Patrick Joseph Galvin, que é registrado nos EUA como um sexual offender (criminoso ou transgressor sexual).
“Iremos prestar apoio de três maneiras: ficaremos em contato com a advogada de Karla no Texas e iremos garantir que ela esteja sendo bem amparada lá; mandaremos o caso para a OAB de Brasília para que eles falem com o Itamaraty e, por fim, também iremos prestar o apoio financeiro, para que Karla possa pagar seus advogados nos Estados Unidos. A Ordem irá doar uma quantia e eu, assim como outros colegas, vou fazer doações também”, disse o presidente da OAB-PE, Pedro Henrique Reynaldo Alves.
Segundo ele, esse é o máximo que o órgão pode fazer, pois apenas advogados norte-americanos podem atuar nos país estrangeiro. “Cada país tem suas leis, suas jurisdições. Mas estamos por dentro do caso e vamos auxiliar em tudo que estiver ao nosso alcance. Estamos trabalhando com uma infração da lei justificada, pois ela só queria proteger a filha. A família nos trouxe os documentos do caso e estamos analisando”, afirmou o presidente.
Kátia Sarmento Martins, mãe de Karla, é advogada e defensora pública aposentada. Ela estava presente na reunião e afirmou sair satisfeita. “Acredito que com esse contato com o Itamaraty e com a OAB, as coisas vão ser mais rápidas”, falou. De acordo com ela, Amy deverá ficar com um casal conhecido da família. “Só falta eles passarem por um teste psicossocial para que minha neta saia do abrigo e vá morar com eles de forma provisória”, revelou Martins.
“Tudo que minha filha fez foi para proteger minha neta. Ela fugiu da justiça, pois eles arquivaram o caso sobre a acusação do pai da menina estar abusando dela. Fizeram isso do nada, mesmo com minha filha tendo apresentado provas. É muito difícil vê-la algemada”, disse Kátia Sarmento. Karla está presa desde o dia 16 de janeiro.
Um detalhe que estava dificultando o caso, o fato de Amy ter apenas nacionalidade norte-americana, está sendo resolvido pelo Itamaraty.
Segundo a família da menina, o ministério já preencheu os formulários necessários e a criança deve receber sua nacionalidade brasileira em breve, o que irá possibilitar o Ministério das Relações Exteriores a agir com mais vigor.
De acordo com a família, uma nova audiência foi marcada para a próxima quarta (29) pela Justiça norte-americana, que deve se pronunciar, após receber a análise do Department of Children and Families (DCF), espécie de conselho tutelar do país, sobre quem ficará com a guarda da garota. O Itamaraty acompanha tudo. A família de Karla criou um site para arrecadar fundos e pagar os custos do processo judicial. Além disso, os interessados podem também fazer doações para a conta corrente no Bradesco de Kátia Sarmento Martins de Albuquerque, agência 3201-8 e conta corrente 0174551-4.
Entenda a história
O ex-marido de Karla – Patrick Joseph Galvin – está listado na relação de sexual offenders da Delegacia da Flórida. Segundo a atendente da central telefônica da polícia estadual, ele foi condenado por um crime em 1996, mas não chegou a ser preso – passou cinco anos em liberdade condicional e atualmente não cumpre nenhum tipo de pena. O site explica que o “sexual offender” é alguém que apresentou comportamentos sexuais inadequados, sem ter necessariamente consumado um estupro. O nome dele não consta em uma segunda relação mantida pela polícia, a dos predadores sexuais.
Karine Santos mora na Flórida e diz que os problemas conjugais da irmã são antigos. O Itamaraty garantiu que ela terá assistência, pelo fato de ser uma cidadã brasileira.
Segundo a mãe, Karla está nos EUA desde 2004 e conheceu o pai da filha em 2005. Durante boa parte do tempo em que viveu no país, a situação era de imigrante irregular, de acordo com Kátia. Karla teria casado grávida em 2006. “Durante a gravidez, ele tentava bater nela, é um homem de quase dois metros de altura. Ele tentou vários tipos de agressões, ela tinha tudo isso gravado, mas ele confiscou o celular que tinha as agressões verbais.
Em fevereiro de 2007 eles se separaram. Ela foi para um abrigo para mulheres que sofrem violência doméstica”, relatou a mãe da brasileira.
Em novembro de 2010, uma publicação feita para brasileiros que vivem nos EUA, Brazilian News, veiculou uma entrevista com Karla onde ela pedia ajuda para encontrar um advogado que defendesse sua causa.