Obra da Transnordestina isola bairro há cerca de dois anos em Arcoverde
Desde que foram iniciadas as obras da ferrovia Transnordestina em Arcoverde, no Sertão pernambucano, moradores do Bairro Sucupira afirmaram ao G1 que estão isolados em relação à cidade e foram prejudicados econômica e socialmente. Por cerca de dois anos, um túnel foi construído entre a BR-232 e a comunidade, e, recentemente, uma pista começou a ser feita sobre a passagem subterrânea, em um nível 50cm mais baixo que a rodovia federal.
Roberto Cavalcanti é presidente da associação do bairro e diz que a diferença entre os níveis das pistas preocupou ainda mais os moradores. “Aqui moram cinco mil pessoas e a obra impossibilitou até o acesso ao Hospital Regional de Arcoverde”, afirma. Eles pedem que a entrada direta à rodovia seja restabelecida.
Os moradores dizem que a Transnordestina Logística S/A (TLSA), responsável pelas obras, entrou em contato e informou que o acesso será restabelecido, mas não há prazos. Em nota, a empresa comunicou que “as modificações viárias nas proximidades do túnel de Arcoverde, na BR-232, em Pernambuco, estão em conformidade com o acordo firmado pela empresa com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para a construção da ferrovia Transnordestina no local. Tais alterações são temporárias”. Por fim, afirma que está trabalhando para minimizar impactos no tráfego. Prazos para conclusão de todas as obras da Transnordestina e para a liberação do acesso de Arcoverde não foram informados pela empresa.
O Ministério dos Transportes reforça o que diz a Transnordestina Logística e lembra que o projeto foi autorizado também pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Por parte do poder público, a ANTT fiscaliza a obra para que tudo ocorra de acordo com o que foi autorizado por ela”, ressalta a nota enviada pela assessoria de comunicação.
Moradores relataram ao G1 que houve perda de lucros em pontos comerciais. “No primeiro mês, deixei de vender uns 20 mil litros de gasolina. Nos dois anos, tive prejuízo de R$ 250 mil, no mínimo, só de gasolina, fora diesel e álcool”, calcula o empresário José Ferreira, dono de um posto de combustíveis. Ele precisou arrendar o ponto.
“Empresas fecharam. Hotéis, mercados, churrascarias e borracharias que sobreviviam graças à BR foram prejudicados”, conta Roberto Cavalcanti, da associação de moradores. “Meu prejuízo é de R$ 40 mil”, diz Getúlio Siqueira, dono de uma mercearia.
De acordo com o site do Ministério da Integração, “a ferrovia, de 1.728 km, vai ligar a cidade de Eliseu Martins (PI) aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE)”. Em nova programação, somente será terminada em setembro de 2016. Para o governo, o trecho com possibilidade de ser concluído em 2014, segundo último balanço, é o situado entre Salgueiro e Trindade, no Sertão pernambucano.
O portal do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) informa que, para um lote de Ceará, Pernambuco e Piauí, de 2011 a 2014, são previstos gastos de R$ 3.810.800.000 e, após 2014, haverá adicional de R$ 1.633.200.000. O valor total do empreendimento é de R$ 7,5 bilhões. “Os investimentos serão aplicados na conclusão e na entrada em operação da nova malha da Transnordestina, prevista para 2016”, registra o portal.
Do Afogados On-line