Olinda e o escândalo de Caruaru
Vereadores olindenses trocam farpas e citam escândalo do Agreste para denunciar “coação”
Após o tumulto ocorrido no início da semana na Câmara de Olinda, a segunda sessão do ano foi realizada, ontem, em meio a acusações de coação. O presidente da Casa, Marcelo Soares (PCdoB), afirmou que o “caso Joabe Teodoro” é semelhante ao escândalo ocorrido no Legislativo municipal de Caruaru, onde vereadores teriam atuado na compra de assinatura para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que iria investigar supostas irregularidades da Prefeitura.
Em Olinda, a polêmica em torno da abertura da CPI das Obras Inacabadas foi mais uma vez foco de desentendimento entre os vereadores. O primeiro orador inscrito na sessão de ontem foi o líder da oposição, Arlindo Siqueira (PSL). Em um discurso inflado, ele contestou o suposto descumprimento da Lei Orgânica do município na sessão da terça (18), quando o prefeito Renildo Calheiros (PCdoB) foi transmitir a mensagem do Executivo pessoalmente e acompanhado por todo o secretariado. Além disso, voltou a afirmar que o vereador Joabe Teodoro (PRP) retirou a assinatura do requerimento de abertura da CPI devido a pressões feitas pela Secretaria do Governo.
Numa outra ocasião, Siqueira havia comparado a suposta intervenção do Executivo à coação de vereadores em Caruaru. Em resposta, Marcelo Soares acusou indiretamente a oposição de coagir Joabe Teodoro a assinar o documento.
“Eu ouvi aqui de alguns vereadores que essa Câmara poderia ser a segunda Câmara de Caruaru. Eles esquecem que lá em Caruaru foram presos vereadores que estavam coagindo outros vereadores a assinarem uma CPI, não foi a retirar (apoio à CPI) não. É parecida mesmo essa história”, disparou Marcelo Soares.
Para Arlindo Siqueira, o presidente da Câmara estaria “querendo reverter a situação”. Em sua avaliação, pode até não ter envolvido dinheiro no caso de Olinda, mas ele garante que houve pressão política “ordenada pelo prefeito Renildo Calheiros”.
Ja o vereador Riquinho (PROS), que atua de forma independente, acusou o Executivo de tratar de forma diferenciada os requerimentos enviados pelos que não fazem parte da bancada governista. “Nunca será aberta nessa Casa uma CPI contra o governo, por isso não assino mais. Mas, a partir de agora, irei enviar muitos pedidos de informação. A Câmara está entregue às baratas, não existe nem internet”, criticou.
Parte da sessão foi dedicada à defesa da religião evangélica. Isso porque Riquinho comparou a última sessão à uma encenação comprada, que, segundo ele, ocorre em “igrejas evangélicas, que compram pessoas para dizer que são aleijadas e cegas”. “Depois, fazem um milagre e todo mundo diz: ‘Aleluia!’”, frisou. Outro tema pelo qual a maioria dos vereadores saíram em defesa foi o de Joabe Teodoro, que, apesar de citado, decidiu que só se pronunciará na próxima sessão, na terça (25).
Do JC On Line