Pá, cavadeira e amostra de terra da cova de Bernardo passarão por perícia
Pai, madrasta e amiga são suspeitos de matar menino de 11 anos no RS.
Polícia quer comparar amostra com terra achada em carro da madrasta.
Uma amostra de terra pode ajudar a Polícia Civil de Três Passos, no noroeste do Rio Grande do Sul, a esclarecer quem enterrou o menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, em um matagal em Frederico Westphalen, cidade a 80 km de distância, no norte do estado.
O corpo do menino foi encontrado no local na segunda-feira (14). Ele estava desaparecido desde o dia 4 de abril. O médico Leandro Boldrini, pai do garoto, a madrasta, Graciele Ugolini Boldrini, e a amiga do casal Edelvania Wirganovicz são suspeitos do crime e estão presos temporariamente.
De acordo com a delegada Caroline Virginia Bamberg, responsável pela investigação, a Polícia Civil vai solicitar ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) que a amostra de terra retirada do local onde o garoto foi enterrado seja comparada com os resíduos de terra encontrados no carro da madrasta. O veículo da enfermeira foi apreendido pela polícia.
Nesta quarta-feira-feira (16), Caroline afirmou que vai pedir ao IGP que dê prioridade aos laudos sobre o caso. A intenção dela é concluir o inquérito em 30 dias, mas não descarta um pedido de prorrogação. “Quanto mais rápido for, melhor para nós”, afirmou a delegada.
A polícia também recolheu remédios na casa onde Bernardo morava com o pai, a madrasta e uma criança de um ano, filha do casal. A polícia acredita que o menino tenha sido morto com uma injeção letal, o que ainda precisa ser confirmado pela perícia. Também é investigada a possibilidade de o menino ter sido dopado com medicamentos. “Quero ter a conclusão do que causou a morte do menino e qual substância foi usada em 20 dias”, acrescentou a delegada.
Na terça-feira (15), a polícia também fez buscas na casa onde mora a assistente social Edelvania Wirganovicz, em Frederico Westphalen. No local, foram apreendidas uma pá e uma cavadeira manual, que podem ter sido utilizadas para escavar a cova onde o menino foi enterrado. Foi a amiga do casal quem revelou a localização do corpo, diz a polícia. As ferramentas também passarão por perícia.
Velório e sepultamento
O corpo de Bernardo foi sepultado na manhã desta quarta-feira, por volta das 10h30, no Cemitério Municipal de Santa Maria, na região central do estado. No mesmo jazigo está sepultada a mãe dele, Odilaine, que morreu em fevereiro de 2010 aos 30 anos. Segundo a polícia, a mulher cometeu suicídio com um tiro na cabeça no consultório onde o ex-marido trabalhava à época.
Na terça-feira (15), o corpo de Bernardo foi velado em Três Passos, no ginásio do Colégio Ipiranga, onde ele estudava. Moradores, professores e colegas de escola foram se despedir do garoto. A notícia da morte dele, após 10 dias desaparecido, chocou e causou indignação em Três Passos.
Caso corre em segredo de Justiça
A investigação corre em segredo de Justiça e poucos detalhes são fornecidos à imprensa. Mas, de acordo com a delegada Caroline, a Polícia Civil diz ter certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino. “Precisamos identificar o que cada um fez para a condenação”, afirmou.
De acordo com a família, Bernardo havia sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
No início da tarde do dia 4 de abril, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que a mulher estava acompanhada do menino.
“O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada”, relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do CRBM. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.