Padre Luizinho critica duramente falta de ações do governo no combate ao desmatamento
Por André Luis
Diante da importância da água para a nossa sobrevivência e da necessidade urgente de manter esse recurso disponível, surgiu o Dia Mundial da Água. Essa data, comemorada no dia 22 de março, foi criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e visa à ampliação da discussão sobre esse tema tão importante.
No Debate das Dez da Rádio Pajeú desta quarta-feira (22), o padre Luiz Marques (Pe. Luizinho), que além de suas atividades paroquiais, participa de forma contundente dos debates sobre a preservação do meio ambiente, junto com o Grupo Fé e Política, falou sobre a importância de se preservar o meio ambiente, da falta de ações efetivas por parte dos governantes e sobre as atividades da Diocese de Afogados da Ingazeira, nesta semana que se comemora a “Semana da Água”.
Além do padre Luizinho, participaram do debate por telefone, Afonso Cavalcanti da Diaconia, o padre de Iguaracy Rogério Veríssimo e o professor e historiador Adelmo Santos. Afonso e Adelmo, assim como padre Luizinho, também fazem parte do Grupo Fé e Política.
Padre Luizinho disse que a Semana da Água com esse dia dedicado a questão dos recursos hídricos, soma-se fortemente com os temas que a igreja católica vem levantando nos últimos anos.
“Como no ano passado a Casa Comum, que falou dessa temática também, inclusive um dos objetivos é levantar as questões e também buscar solução com relação a isso e este ano é sobre os Biomas, trazendo para o nosso meio, como já vem sendo bastante debatido a questão da Caatinga e tudo que envolve essa questão da preservação e também da nossa luta constante sobre a questão que é crucial e de vital importância para a humanidade que é o recurso hídrico, a água”, disse Pe. Luizinho.
Questionado sobre o fato da educação ambiental não ser levada para as escolas, se tornando debate continuo das classes de aula da região, Luizinho responsabilizou, o fato de que se tem a mania de fazer apenas eventos em datas especificas e de não haver um debate prolongado a respeito da questão.
“Quando você bate muito na tecla de um problema e mostra algumas soluções, a criança absorve, ela começa a questionar, se não for só um evento, se você constantemente, tem uma educação no campo faz com que a criança esteja ligada ao seu ambiente. Por que esses debates e as ações não são constantes e não avançam muito? Porque nós somos habituados a fazer eventos, fazemos alguns e esquecemos”, criticou.
Luiz Marques disse ainda que a sociedade é muito parecida com os governos, “fazem um evento e o tema fica, a exigência não avança porque a operacionalização não depende somente do idealizador, depende muito de um programa de governança, a governabilidade ela não pode ser de campanhas, determinadas coisas devem ser constantes”, alertou.
Segundo padre Luizinho o que mais prejudica o meio ambiente é o desmatamento desenfreado e depois a conivência com a irresponsabilidade de alguns e a não vigilância dos órgãos que são constituídos para essa defesa do meio ambiente e teceu duras criticas a falta de ações efetivas por parte dos governantes.
“Eu sinto muito em dizer isso, eu respeito muitas autoridades aqui na região, mas é terrível quando você vai para esses encontros com governador, com essas autoridades e fica aquele puxa-saquismo constante, você não encontra pessoas que questionem e quando o fazem, são mal vistos. Hora quando os caras vem aqui eu acho que seria importante eles ouvirem e se for coisa ruim, aceite que erre”.
Luizinho criticou a falta de ações de combate ao desmatamento por parte do governo do Estado e desafiou que alguém lhe mostra-se uma ação efetiva que tenha sido feita para amenizar o problema, que inclusive foi repassado às mãos do governador quando este esteve em Afogados da Ingazeira, participando do Todos por Pernambuco em março de 2015.
“Olha me diga o quê que foi feito nesses últimos quatro anos, com relação a água, eu quero que alguém me diga qual foi a ação efetiva que o governo fez para combater o desmatamento ilegal da Caatinga do Semiárido do Nordeste, sobre tudo aqui em Pernambuco, aqui no Vale do Pajeú”, desabafou.
Padre Luizinho seguiu criticando duramente o governo do Estado pela falta de ações e cobrou resolutividade ao governador. “Eu queria muito perguntar a Paulo Câmara, o que impede de combater uma coisa que está errada, nós não temos o estado, as leis, os órgãos, então o quê que falta? Será que simplesmente pelo fato da gente falar é porque é uma raiva pessoal, nós não temos nada pessoal contra ninguém, a gente quer apenas que a legislação seja cumprida e isso não está sendo”, cobrou.
Padre Luizinho disse ainda que é impossível lutar pelo certo sem contrariar interesses, mas que isso faz parte. “É evidente que a nossa luta e o que nós podemos dizer, vai contrariar interesses, e se não contrariar interesses é melhor ficar em casa vai dormir, tranquilo, então nós temos que contrariar”, disse.
No final do debate, padre Luizinho disse que o que impede o combate ao desmatamento ilegal da Caatinga é a omissão por parte do poder público. “A verdade é essa, nós temos problemas seríssimos por omissão”, finalizou.
Ouça abaixo na íntegra como foi o debate de hoje:
No dia 22 de março de 1992, a ONU, além de instituir o Dia Mundial da Água, divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, que é ordenada em dez artigos. Veja a seguir alguns trechos dessa declaração:
1– A água faz parte do patrimônio do planeta;
2-A água é a seiva do nosso planeta;
3– Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados;
4– O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos;
5– A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores;
6– A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo;
7– A água não deve ser desperdiçada nem poluída, nem envenenada;
8– A utilização da água implica respeito à lei;
9– A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social;
10– O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.