Pernambuco: Apenas 28% dos artistas que tocaram no carnaval já foram pagos
Quase dois meses após o fim do Carnaval, a maioria dos artistas que tocaram em eventos promovidos pelo governo do estado ainda aguarda o pagamento do cachê. Em 2015, a festa contou com 576 apresentações culturais, entre shows e cortejos, em 31 cidades de Pernambuco. Desse total, apenas 164 já foram pagos ou estão em previsão de desembolso, ou seja, cerca de 28%.
Os artistas locais são os mais prejudicados. A integrante do grupo Coco de Seu Mané, Marília Vilas Boas, conta que o contrato previa o pagamento 40 dias após os shows. “Fizemos duas apresentações e já levamos toda a documentação necessária e as fotos dos eventos, logo após o fim do carnaval e ainda não recebemos o pagamento”, se queixa. Para ter direito ao cachê, o governo do estado exige que os grupos entreguem documentos como notas fiscais e registros fotográficos como prova de que as apresentações aconteceram.
O vocalista do grupo Coco dos Pretos e integrante do Maracatu Nação Cambinda Estrela, Adriano Carlos, sofre duplamente pelo atraso. “Tocamos em um festival de coco no Mercado da Ribeira e em Bezerros, na sexta-feira de carnaval. Já entregamos todos os documentos e deveríamos ter recebido o cachê na semana passada. Essa é a primeira vez que estamos tendo problemas com o pagamento”, lamenta.
Em nota, a Secretaria de Cultura de Pernambuco respondeu que 164 processos já foram pagos ou estão em previsão de desembolso. “O restante dos pagamentos segue em ritmo normal”, diz a nota. O governo do estado acrescenta ainda que muitos dos processos estão aguardando resolução de pendências dos próprios produtores, como entrega de registros fotográficos e notas fiscais à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
Esse não é o primeiro problema de atraso relacionado ao governo em relação à cultura. Artistas e produtores que tiveram projetos aprovados no Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) também enfrentam pagamentos atrasados, dificultando a manutenção das iniciativas. A classe artística realizou ontem (09) um protesto em frente à Secretaria de Cultura e à Fundarpe para cobrar ações do governo.
Diario de Pernambuco