Pernambuco, o desafio em segurança agora é outro
*Por Ana Marina de Castro
A situação da segurança pública em Pernambuco merece mais atenção. Desde 2015, segundo dados do Ranking de Competitividade dos Estados, o estado passou da 22ª para a 27ª posição geral, no pilar de Segurança Pública. A deterioração nos indicadores dessa área afeta diretamente a qualidade de vida da população do estado e aponta para a necessidade de ações eminentes na segurança pernambucana.
Embora Pernambuco tenha conseguido melhorar em alguns aspectos na segurança pública, prevalecem os dados negativos. Como exemplo disso, o indicador de Segurança Pessoal, responsável por medir a taxa de morte violentas intencionais, onde o estado caiu da 22ª posição em 2015 para a 24ª em 2017, batendo a marca de 57 mortes a cada 100 mil habitantes.
O número de roubos de veículos em Pernambuco também cresceu de forma expressiva. O estado passou da 18ª posição para a 24ª no indicador de Segurança Patrimonial, atingindo o número de 912 veículos roubados a cada 100 mil, explicitando a crise na segurança pública do estado.
As políticas públicas de segurança, responsáveis por diminuir o número de homicídios no estado entre os anos de 2008 e 2014 infelizmente não apresentaram resultados positivos nos indicadores desta edição do Ranking.
Pernambuco foi um exemplo em estruturar uma governança do sistema de justiça criminal que integrou os órgãos de segurança e que se mostrou tão efetivo em outro momento – agora, é preciso entender o perfil dos desafios mais recentes na segurança pública do estado. O Ranking aponta que é necessário um cuidado especial com a agenda de políticas públicas para a juventude: o número de jovens que não trabalha nem estuda aumentou no estado (chegando a 720 mil em 2017), o que deixa esta população extremamente vulnerável e pode influenciar também os indicadores de criminalidade.
Pernambuco avançou, na década passada, na agenda de gestão, inovação em governança e focalização territorial para o combate à criminalidade. Agora, o desafio que o estado encontra é outro: é preciso reforçar o sistema de proteção social do estado, para que combata problemas estruturais como a pobreza, a falta de educação básica e a falta de emprego, dinâmicas sociais que impactam o aumento da criminalidade.
Pernambuco apresenta um novo desafio para melhorar seus indicadores de segurança pública – mas sem dúvida essa é uma realidade que o Brasil precisa enfrentar também. Ao observar os dados do Ranking de Competitividade dos Estados, nota-se que 19 dos 27 estados brasileiros pioraram na sua taxa de homicídios. O número de furtos e roubos de veículos, por sua vez, aumentou em 14 estados. O que chama a atenção nesses dados são estados com grandes variações, muito acima da média. Os estados do Norte, apresentam um grave avanço nos roubos, o Acre teve o número de roubos mais do que quadruplicado (448%) e Roraima mais do que triplicado (319%).
Esses dados demonstram que, além do estado de Pernambuco, o país enfrenta como um todo uma ampla crise na área da segurança. A situação exige políticas efetivas em nível estadual para conter a violência, além de práticas da União para auxiliar os governos locais a debelar essa situação.
Sobre o Ranking
O Ranking de Competitividade dos Estados, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a Tendências Consultoria Integrada e a Economist Intelligence Unit, é uma ferramenta que busca pautar a atuação dos líderes públicos brasileiros na melhoria da competitividade dos seus estados. A partir da análise do conjunto de 10 pilares, o Ranking fornece uma visão sistêmica da gestão pública estadual.
*Ana Marina de Castro é diretora do CLP. O Centro de Liderança Pública (CLP), é uma organização sem fins lucrativos e apartidária, com o objetivo de preparar e desenvolver líderes públicos transformadores, capazes de formular e implementar políticas públicas inovadoras.