PF conclui inquérito da Acrônimo e indicia Luciano Coutinho e primeira-dama de MG

Fernando Pimentel não foi indiciado por ter foro privilegiado, mas relatório será analisado pelo STJ. Defesa do governador disse que se trata de ‘caso emblemático de excesso de perseguição’.

Do Bom dia Brasil

A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito da Operação Acrônimo e indiciou oito pessoas, entre os quais o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho e a primeira-dama de Minas Gerais Carolina Oliveira, mulher do governador Fernando Pimentel (PT). O relatório foi revelado no domingo (22) pelo colunista do jornal “O Globo” Lauro Jardim.

O governador mineiro – apontado pela PF como coordenador da “organização criminosa” – não foi indiciado neste inquérito da Acrônimo por ter direito a foro privilegiado. Os policiais, entretanto, encaminharam o relatório com os indícios contra Pimentel ao gabinete do ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Foram indiciados, além de Coutinho e da mulher de Pimentel, o consultor Mário Rosa e o ex-diretor do grupo Casino Ulisses Kameyama.

A Operação Acrônimo investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais envolvendo gráficas e agências de comunicação. O governador de Minas Gerais é suspeito de ter usado os serviços de uma gráfica durante a campanha eleitoral de 2014 sem a devida declaração dos valores e de ter recebido “vantagens indevidas” do proprietário dessa gráfica, o empresário Benedito Oliveira. Pimentel vem negando as acusações desde o início das investigações.

Guerra societária

A PF aponta no inquérito que o governador de Minas atuou com a ajuda de Luciano Coutinho para favorecer o Grupo Casino em sua fusão com o Grupo Pão de Açúcar.

De acordo com o relatório da Polícia Federal, Coutinho auxiliou Pimentel quando era ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Os dois, segundo a PF, atuaram para prejudicar o empresário Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, que vivia em guerra societária com o Grupo Casino.

Conforme “O Globo”, o relatório aponta que a “organização criminosa é coordenada e integrada por Fernando Pimentel, que, em razão de seu cargo, facilitou a atuação de outros integrantes do grupo criminoso, ora usando sua influência política junto ao Ministério da Indústria e Comércio para favorecer e atender aos interesses do grupo, ora atuando por intermédio de outros agentes públicos”.

Responsável pelo inquérito, a delegada Denisse Ribeiro afirmou no relatório que o grupo criminoso atuou na doação para o caixa 2 da campanha eleitoral de Pimentel ao governo de Minas, em 2014.

Fernando Pimentel já foi denunciado pela Procuradoria Geral da República na Operação Acrônimo. Caberá agora ao STJ decidir se o governador mineiro vai se tornar réu, o que pode acontecer daqui a um mês. Para abrir ação penal, neste caso, não é necessário aval da Assembleia Legislativa de Minas.

O que disseram os suspeitos

A defesa de Fernando Pimentel afirmou que esse é um caso emblemático de excesso de perseguição e que a narrativa dos fatos desmente a conclusão do relatório.

A defesa da primeira-dama de Minas Gerais declarou que confia que a Justiça irá rejeitar as acusações.

O consultor Mário Rosa disse que reviraram a vida dele durante 29 meses, que ele não foi incriminado por nenhum delator e que nenhum problema fiscal foi encontrado.

A TV Globo não conseguiu contato com a defesa de Ulisses Kameyama.

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