Premiê da Ucrânia renuncia, e Parlamento derruba leis antiprotestos
Objetivo da saída é resolver pacificamente conflitos, disse Mykola Azarov.
Oposição pró-europeia pressiona nas ruas o presidente Viktor Yanukovich.
O primeiro-ministro da Ucrânia, Mykola Azarov, apresentou sua renúncia nesta terça-feira (28), segundo um comunicado em seu site oficial. Pouco depois, o Parlamento do país, em uma sesão especial para tentar contornar a crise política, derrubou as polêmicas leis que reprimiam manifestações públicas não autorizadas.
Renúncia
A renúncia de Azarov é uma tentativa de encerrar a crise no país, em que a oposição pró-União Europeia pressiona nas ruas, há dois meses, pela saída do governo do presidente Viktor Yanukovich.
“A situação de conflito que surgiu no país está ameaçando o desenvolvimento econômico e social da Ucrânia, criando uma ameaça a todo o futuro da sociedade ucraniana e a cada cidadão”, diz Azarov no texto.
“Tomei a decisão pessoal de solicitar ao presidente da Ucrânia que aceite minha demissão do cargo de primeiro-ministro, com o ânimo de propiciar maiores possibilidades de um compromisso político para resolver o conflito pacificamente.”
Segundo a constituição ucraniana, a saída do premiê significa a renúncia de todo o governo.
Azarov, de 66 anos, havia sido apontado premiê por Yanukovick logo após a eleição presidencial de 2010. Ele enfrentava as dificuldades econômicas do endividado país, mantendo a moeda local atrelada ao dólar e recusando pressões do FMI (Fundo Monetário Internacional) para aumentar os preços domésticos do gás.
Fiel aliado de Yanukovich, ele apoiou, em novembro, a polêmica decisão de não avançar rumo a um acordo de livre comércio com a União Europeia -e que se tornou o estopim da atual crise.
Foi Azarov quem foi à Rada Suprema (Parlamento) defender a aproximação dos laços econômicos com a Rússia.
Reunião do Parlamento
O anúncio desta terça ocorre ao mesmo tempo que começou, no Parlamento, uma reunião de emergência que tenta resolver a crise.
Com um total de 257 votos, os parlamentares aprovaram quatro leis que substituem a rigorosa legislação antiprotestos aprovada dez dias antes, e que acirraram os protestos nos últimos dias.
A repressão policial provocou mortes, o que gerou críticas internacionais ao governo ucraniano.