Recife: corpo de Mané Queiroz é sepultado
O corpo do radialista Mané Queiroz, que integrava as equipes da Rádio Jornal e JC News, foi sepultado por volta das 17h deste domingo (5), no Cemitério Parque das Flores, na Zona Oeste do Recife. Mané morreu na noite do sábado (4), aos 66 anos, em decorrência de falência múltipla dos órgãos.
O profissional do SJCC foi atropelado por uma motocicleta em Caruaru, sua cidade natal, no Agreste Pernambucano, em 21 de dezembro passado e, desde então, estava internado. Primeiramente no Hospital Regional do Agreste e depois encaminhado ao Prontolinda, em Olinda, no Grande Recife.
Mané passou por cirurgias ortopédicas, mas o comprometimento do pulmão e dos rins prejudicaram a recuperação do radialista. O quadro de saúde foi piorando aos poucos, até o corpo não resistir mais.
Mané era uma pessoa querida de todos. Dentro do SJCC, conhecia todos pelo nome e conversava sempre animadamente. Veja, abaixo, o último registro em vídeo feito de Mané Queiroz, nas dependências da rádio JC News:
A filha Rafaela Queiroz pediu que as pessoas tentem evitar a tristeza e exaltem a felicidade que Mané tanto nutria. “Ele sempre me pedia: ‘quando eu morrer não quero ninguém chorando’. Já chorei muito, mas estou tentando ao máximo evitar sentimentos ruins. Temos que ter força para suportar”, contou.
O gerente de programação das Rádio Jornal e JC News, Carlos Miguel, lembrou da dedicação de Mané Queiroz com o trabalho. “Ele voltou para a rádio em 2006, fazendo parte do Escrete de Ouro. Um cara que gostava muito de trabalhar. Era meio maluco, mas muito dedicado ao rádio, vivia o rádio. Como sempre muito irreverente, comentava também notícias fora do futebol”, disse Carlos Miguel. “Vai fazer muita falta.”
O jornalista José Silvério, também do Escrete de Ouro, conta uma história de 20 anos atrás, quando ele era do plantão da Rádio Jornal e Mané Queiroz da Rádio Clube. “Quando eu dava o placar antes dele, ele ligava para mim, reclamando. E o Aderval Barros, irônico, sarcaástico, disse: ‘Mané, não sabe, não? É que eu trouxe um cartão e um rádio dos Estados Unidos (após a Copa de 1994) para Silvério. Ele coloca um cartão de São Paulo, só pega emissora de São Paulo, um cartão do Rio, só pega emissora do Rio, e dá o resultado na frente.’ Nesse tempo não tinha internet. E Mané não queria arrumar um rádio desse? Esse rádio nem existia, não existia cartão. Ele era tão puro que acreditava nessas coisas.”
Com a voz embargada, o jornalista Marcelo Cavalcante, editor do Blog do Torcedor, do NE10, falou da admiração por Mané Queiroz. “Para mim, é o dia mais triste da crônica esportiva pernambucana. Tive o prazer de conviver diariamente com Mané, um amigo. Admirava o carisma dele com todo mundo, tanto ouvintes como funcionários da empresa. Chamava todo mundo pelo nome, deixava todos sempre à vontade. Quando eu tinha dificuldade de pegar informações do interior, da Copa Pernambuco, eu ligava para ele, e Mané parava o que estava fazendo para me ajudar. Perdemos um profissional muito bacana e, sobretudo, um amigo, e teremos que conviver com isso. Vai ficar só a saudade e as lembranças das coisas boas que ele fez.”
Mané também é lembrado como referência pelo repórter Wellington Araújo, do Escrete de Ouro. “No rádio sempre existiu um trio que nos espelhava: ele, o irmão (Roberto Queiroz) e Ralph (de Carvalho). A gente cresceu ouvindo e esse trio foi quebrado agora. Fiquei muito triste. Visitei ele no sábado e saí de lá com uma sensação de ele não terminava o dia. Mané era a alegria do trabalho pra gente, o cara que a gente brincava, que nunca chegava triste. Uma referência em termo de alegria. Estou de férias e não sei como vou entrar no trabalho sem ele lá quando voltar.”
Irmão do radialista, o narrador Roberto Queiroz resumiu Mané em uma palavra: alegria. “Mané era só alegria. Nada mais do que isso. Dizendo isso, estamos dizendo tudo dele. Uma pessoa muito alegre, que levava a vida de uma forma muito diferente, só alegria.” Mané Queiroz era formado em economia, psicologia e história, além de ser radialista.