Ronaldinho: treinos rápidos, cigarros, café e vontade de largar o futebol
Euforia, agitação, desconfiança e insatisfação. Do Fluminense, da torcida, do próprio Ronaldinho Gaúcho. Os 80 dias em que o craque pertenceu ao Tricolor, desde que assinou o contrato em julho, não foram suficientes para o meia convencer que queria realmente voltar a jogar após sua saída do mexicano Querétaro. A rescisão, na noite de segunda-feira, decidida na casa do jogador, junto ao vice de futebol Mário Bittencourt e ao agente e irmão de R10, Roberto Assis, define o fim de uma passagem apagada e frustrante do camisa 10 nas Laranjeiras, que poderia ter durado até menos. Nos bastidores, a vontade de Ronaldinho era de já ter deixado o Flu, mas Assis o convenceu a ficar.
Amigos de Ronaldinho vão além: o camisa 10 “quer largar o futebol” e não aguenta mais jogar. Na análise dos companheiros, que temem uma interferência de Assis na vontade do craque, “uma história linda não podia ser manchada dessa forma”. O irmão, além de agente, é uma espécie de pai, de protetor para R10, e por isso a influência sobre o meia é grande.
A palavra usada no Fluminense foi a de que Ronaldinho foi “digno” ao expressar sua vontade de deixar o clube, reconhecendo seu baixo rendimento em campo. As últimas partidas foram determinantes para a escolha de R10. Ele ficou no banco – e nem saiu dele – na derrota por 4 a 1 para o Palmeiras, quando Enderson Moreira foi demitido; e foi reserva, mas entrou, diante da Ponte Preta e do Grêmio, já sob o comando de Eduardo Baptista. A condição de suplente o incomodou.
De lá até agora, a euforia da torcida deu lugar à insatisfação. Na vitória sobre o Goiás, no Maracanã, torcedores oscilaram entre aplaudir, como forma de incentivo, e vaiar – o que predominou – o craque. Fred pediu aplausos para Ronaldinho e disse que torcia para que ele fizesse o gol da classificação sobre o Grêmio, na próxima quarta-feira. O que não será possível.
Outra situação que incomodou Ronaldinho foi o fato de as pessoas relacionarem a fase ruim do time no Campeonato Brasileiro com sua chegada ao Tricolor. A pressão constante começou a deixá-lo desgastado e com a dúvida se valeria mesmo a pena continuar jogando.
No Fluminense, a contratação de Ronaldinho dividiu opiniões. O salário fixo de cerca de R$ 400 mil, que era turbinado com adicionais, era visto como muito alto já com a desconfiança sobre o que ele poderia desempenhar. Um dirigente, que pediu para não ser identificado, opina:
– Acho que ele deveria parar.