Saúde // Diretora do HREC não vê momento como o mais crítico e diz que muitas das reclamações são por questões políticas
Hoje nos estúdios da Pajeú a diretora do Hospital Regional Emília Câmara de Afogados da Ingazeira Viviane Vasconcelos, falou sobre as demandas da unidade. Os dilemas, o crescente aumento nas reclamações envolvendo o HREC e a constante luta por melhorias na saúde do município.
Em relação a algumas críticas que vem ocorrendo, Viviane disse que é um termômetro do que está sendo preciso melhorar e onde estão surgindo às falhas.
Viviane também falou que esse não é o momento mais crítico da unidade e que deficiências existem, mas que acredita que é tudo mais político.
“Na verdade eu não acredito que seja o momento mais critico a gente já passou por outras situações que na verdade são problemas até internos que a gente conseguiu resolver muito bem. Acredito que essa última fase, tentando analisar toda a situação em relação ao foco que o HR Emília Câmara vem sofrendo principalmente neste último mês, deve-se muito mais a questões políticas já que a gente está se aproximando de um período eleitoral”.
Defendendo seu ponto de vista, Viviane relatou o caso de uma secretária de saúde que entrou em contato com a X Geres querendo saber de algumas informações.
“Um exemplo disso eu não vou citar o nome do prefeito até pra gente não se prolongar nos debates. Teve uma situação que eu recebi uma ligação de Mary da X Geres, perguntando – Viviane houve algum problema em relação a determinado município, algum acontecimento em relação a alguém nesses últimos dias no hospital? E ai veja como são as coisas e realmente se a gente não vê pelo lado político; então eu liguei pra secretária de saúde e perguntei a ela se tinha tido algum problema, ela disse que não e que era porque o prefeito iria pra rádio e pediu uma relação do que poderia ser dito sobre o hospital. São coisas sem fundamentos que você vê que na verdade a maior preocupação realmente é para que tenha o desgaste político para gerar mídia e ter o que se falar. Eu vejo por esse lado”.
Sobre as maiores dificuldades que o HREC tem enfrentado ultimamente, Viviane disse que em relação a preocupação como gestão ainda tem muitos problemas em relação ao horário de chegada e faltas de alguns médicos.
“Como gestão a gente ainda tem alguns problemas como aconteceu sexta-feira em relação ao horário de chegada de alguns médicos, ou até de faltas, então sexta-feira o primeiro plantonista chegou em torno das 10h30m, quando a gente sabe que na verdade o plantão se inicia as 07h a gente tem um problema de que os plantonistas da sexta-feira, no caso do cirurgião, do pediatra e do clínico, todos são de fora, nós não temos nenhum da cidade de Afogados, o mais próximo é de São José do Egito. A gente tem a alegação de que ha sempre um atraso, ou aconteceu um problema no carro. Tenho discutido isso com a diretora clínica Dra. Taís e a minha preocupação hoje é em relação a troca de plantão não ficar sem plantonista naquele horário, justamente porque as urgências não podem esperar então se acontece alguma emergência precisamos estar com aquele horário ali coberto”.
Viviane disse que há algumas outras dificuldade enfrentadas pelo hospital, mas que não são exclusivas da unidade e mencionou a matéria veiculada pelo Fantástico no último domingo (25) que fez um retrato da saúde no Brasil e que mostrou que o país todo está com problemas na área da saúde.
“No TCU foi visto que há falta de profissionais, a gente tem uma carência de profissionais, tivemos o concurso médico onde recebemos diversos médicos inclusive especialistas, mas a gente ainda tem uma carência em relação a outros profissionais como; enfermeiros, técnico de enfermagem, analistas, técnico de laboratório, nutricionistas, fisioterapeutas e farmacêuticos, inclusive está proposto um concurso pela Secretaria Estadual de Saúde para ainda neste segundo semestre, a gente tem falta de alguns equipamentos, mas nada que esteja prejudicando ao ponto de estar em uma situação caótica e o paciente ir a óbito por isso”. E continuou. “Falta de leitos e medicamentos, a gente tem problemas, por exemplo, na falta de leitos uma coisa que me preocupou e eu estava conversando com os médicos, em relação ao aumento exagerado que tivemos dentro de três semanas no internamento dentro da emergência, quando a gente sabe que não pode acontecer, então quando eu fui avaliar estes pacientes vi que o perfil era de uma diarreia, era uma dengue porque isso justificava o aumento súbito. E ai a gente nem consegue atender esse paciente com a humanização que a gente deseja, como tudo que deve ocorrer que é o paciente internado, dentro da clinica médica”.
Falando ainda dos problemas com leito, Viviane falou do apoio da Casa de Saúde Dr. José Evóide de Moura.
“A gente tem a Casa de Saúde Dr. José Evóide de Moura como rede complementar e muitas vezes a gente estava fazendo essa parceria e o paciente sendo internado lá, em uma das situações que eu, buscando leitos para internar os pacientes, conversando com Márcia Moura, ela me passou que estava na mesma situação, com todos os leitos ocupados inclusive os particulares, então quando a gente analisou a causa dos internamentos, na verdade não era nada de surto, eram pacientes cardiovasculares, era paciente idoso com uma pneumonia, um paciente com AVC, paciente com insuficiência cardíaca, então são pacientes na verdade que não estão tendo na ou acompanhamento, o que deveria acontecer, já que é uma doença crônica, ou é um paciente que não está aderindo ao tratamento de maneira correta e ai ele vem a ter um agravamento da doença. No domingo do dia das mães, nós tivemos quatro pacientes infartados”. Informou.
Sobre a questão dos partos e das transferências, Viviane primeiro abriu um parêntese para explicar o caso da anestesista e vice-prefeita Dr. Lúcia Moura.
“A questão de anestesistas, eu acho que não expliquei corretamente da outra vez que estive aqui, a Dra. Lúcia Moura não está no hospital com vínculo da Secretaria Estadual de Saúde por conta do cargo de vice-prefeita, porém ela dá cobertura nos plantões, pela cooperativa, porém o que a gente informa é que o vínculo da cooperativa, ele não dá uma autonomia pra gente. Por exemplo, se um médico plantonista faltar, a gente pode dar advertência e por seguinte o processo administrativo e ai vai, a cooperativa na verdade o profissional recebe pelo que ele produz, então existe alguns plantões que a gente tem uma lacuna em aberto porque é uma prestação de serviços, recebe no dia que vai trabalhar”.
Viviane informou que as anestesistas não atendem apenas ao hospital e a casa de saúde, mas toda a região.
“Existe a carência sim, mas não só de anestesistas, uma outra situação que a gente enfrenta muito também é a questão da pediatria, que também tem um déficit muito grande, a gente percebeu isso principalmente por exemplo, nesse mês de maio Dra. Márcia Lisani está de férias do HREC e também acho que está da Casa de Saúde e assim o número de atendimentos inclusive se você quiser hoje uma consulta particular com pediatra dentro de Afogados da Ingazeira essa hora provavelmente você não encontra. Nós estávamos com a equipe de pediatria completa, com exceção de dois finais de semana por mês, o que acontece, uma médica a Dra. Micheline, tinha dois vínculos que eram os plantões de terça e sexta, está de licença maternidade, tínhamos outra pediatra Dra. Edini que estava fazendo a cobertura na segunda e terça durante o dia, o que aconteceu, teve uma situação delicada pois estava grávida e teve um parto prematuro e esta de licença maternidade também. Então na verdade eu tenho pediatra hoje no hospital, nas quartas, quintas, na sexta-feira a gente conseguiu um pediatra de Serra Talhada pra vir prestar serviço, então só tenho praticamente hoje três dias no hospital com pediatra. Nós temos como contratar profissionais, mas o problema é que nós não temos na região profissionais pra isso”.
“Na questão das gestantes, é assim eu comecei a fazer um levantamento em torno do último debate, principalmente do prefeito Dessoles em relação ao número de partos que a gente vinha realizando. No período de janeiro a abril, nós tivemos 239 partos cesarianos e 178 partos normais além de 510 curetagens, desses nós tivemos em quatro meses 864 atendimentos a gestantes e ai eu comecei a pegar por municípios a quantidade de partos de cada um e ai vem; em primeiro lugar Afogados da Ingazeira com 71 partos cesarianos e 56 partos normais; segundo lugar vem Tabira em terceiro lugar Carnaíba e quarto Iguaracy onde nós tivemos: 21 partos cirúrgicos, 9 partos normais, 4 curetagens, 26 procedimentos de cirurgia geral e 6 cirurgias de trauma. Quando a gente começa a fazer um levantamento da maioria das transferências ocorridas e ai eu tive nesse período de quatro meses 338 transferências, em cima de um total de 16.122 mil atendimentos na unidade, então o que acontece, quando você começa pegar o percentual de transferências em relação ao número de pacientes atendidos, foi apenas de 2,8%.A maioria das questões que são encaminhadas é quando a gente remete a situações de urgência, tem alguns casos que é por falta do profissional, mas esse ai tá sendo praticamente mínimo”.
Viviane também disse que é importante lembrar que o HREC é uma maternidade de baixo risco e que qualquer situação de alto risco a paciente vai ser encaminhada.
Viviane respondeu a vários questionamentos da população e esclareceu algumas dúvidas que foram surgindo durante o debate.
Ouça abaixo o debate na íntegra: