Setembro Amarelo: a importância de ficar alerta aos sinais da depressão
Por André Luis
Sabe quando aquela tristeza se repete frequentemente? E quando se ouve um ente familiar dizer repetidas vezes que seria melhor que ele não existisse e que é um peso para família? Pois é, esses são apenas alguns sinais de alerta que não podem ser ignorados, pois esses e mais alguns lamentos podem ser sinais de que aquela pessoa não está bem psicologicamente e não percepção por parte da família de que ali existe um problema, pode acabar com um final trágico, muitos vezes com a pessoa tirando a própria vida.
Para falar sobre a importância de se observar esses e outros sinais, o Debate das Dez desta segunda-feira (24), ouviu o psiquiatra Dr. Ezron Maia, o coordenador do Caps, Fabricio Melo e a assistente social, Nelma Cristina, que trataram da pauta que faz parte de uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015 denominada de Setembro Amarelo.
O Setembro Amarelo é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque internacionalmente o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, por iniciativa da International Association for Suicide Prevention.
Os convidados chamaram a atenção para os sinais relatados no início dessa matéria, dizendo que não é normal a tristeza frequente e as palavras autodepreciativas e que esse tipo de comportamento merece atenção redobrada, pois pode ser o prenuncio de algo pior.
Será que é verdade que falar sobre a existência do problema e dos fatos ocorridos pode fazer com que pessoas que estejam fragilizadas emocionalmente, possam vir a cometer o suicídio? Segundo o coordenador do Caps, Fabrício Melo, não. Fabrício disse que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda que o tema seja tratado e publicitado de forma que venha a orientar e alertas as pessoas dos riscos.
Para Fabrício, “é necessário falar sobre o assunto e fazer o enfrentamento, ouvir, conversar e buscar os possíveis pacientes e que o intuito é identificar sinais”. Fabrício também disse que no mês de setembro a campanha é itensificada no Caps de Afogados da Ingazeira.
Fabrício também falou que, “pessoas que estão entrando em processo depressivo, que estão pensando ou maquinando algo negativo, dão sinais e muitos vezes esses sinais são tentativas de um pedido de ajuda”.
Questionado se a depressão seria a porta de entrada para casos de suicídio, o psiquiatra Ezron Maia, disse que “se for levado em conta os dados estatísticos que mostram que 90% (noventa por cento), dos suicídios está associado a algum transtorno mental, eu posso afirmar que sim. Vivemos um momento em que a depressão aumenta, e de quebra a depressão vai provocar mais pacientes com ideias suicidas”, disse Ezron.
Ezron também disse que atualmente se diz que a depressão é doença do século e falou sobre outro dado estatístico. “Se a gente for ver as estatísticas, a depressão é uma das doenças de saúde mental que mais cresce estatisticamente. outros transtornos são estáveis, como a esquizofrenia, o transtorno bipolar, mas a depressão é diferente, ela vem num crescente”, alertou Ezron.
A assistente social Nelma Cristina, falou sobre os cuidados que a Assistência Social do Caps, tem com pessoas que sofrem de depressão e que tem risco ao suicídio. Ela chamou a atenção para que o trabalho não é feito com o paciente isoladamente e do papel importante que a família tem durante o processo de tratamento.
“É preciso dizer que não se trabalha o paciente isoladamente, a gente traz pra junto desse paciente e da instituição a família, e muitos vezes o paciente está adoecido, pelo meio familiar que vive, então é importante a gente buscar pela família, onde muitas vezes eles chegam sozinhos sem apoio e a gente sabe que família é remédio”, destacou Nelma. Ouça abaixo a íntegra do debate de hoje: