Sindicalistas argentinos suspendem bloqueios nas ruas; greve continua
Pelo menos 50% dos estabelecimentos comerciais fecharam as portas.
Greve de 24 horas foi convocada por centrais sindicais.
indicalistas e manifestantes argentinos suspenderam nesta quinta-feira (1) à tarde vários bloqueios nos acessos a Buenos Aires montados durante uma greve de 24 horas contra a política econômica do governo da presidente Cristina Kirchner.
O protesto, ao qual aderiram os sindicatos dos transportes públicos e importantes associações de caminhoneiros e servidores públicos, reivindica um reajuste dos salários e uma redução dos altos impostos que incidem sobre a renda, após uma desvalorização do peso argentino de 35% em 12 meses. “Mais de 1 milhão de trabalhadores cruzaram os braços”, contabilizou Juan Carlos Schmid, secretário-geral de um sindicato de trabalhadores do setor de dragagem.
Os piquetes nas ruas foram realizados por grupos mais radicais de esquerda que impediram a circulação em diferentes acessos da periferia da capital. Além dos bloqueios, a paralisação nos transportes públicos também reforçou a greve geral convocada pelas centrais sindicais.
A esquerda quis se diferenciar da liderança sindical peronista que convocou a greve geral, mas sem mobilização, e rejeitou a metodologia dos bloqueios das vias.
Desde o amanhecer, mais de 100 estudantes e professores com bandeiras e cartazes bloquearam a movimentada avenida Córdoba, em frente à Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires.
“Isso não é perder tempo. É mais importante estar aqui do que perder uma aula. Isso se recupera”, disse a estudante de Medicina Jacqueline Jurado.
Segundo o jornal Clarín, confrontos entre os grevistas e policiais na via Panamericana tiveram o disparo de armas de borracha e o lançamento de pedras. Não há informações sobre feridos.
As ruas da capital e de outras grandes cidades do país estavam repletas de lixo por causa da paralisação dos funcionários da limpeza pública.
Em um dia parecido com um domingo, pelo menos 50% dos estabelecimentos comerciais preferiram fechar suas portas. Os que continuaram abertos estavam vazios.
Grandes redes de farmácias, fast-food, supermercados e lojas de acessórios femininos funcionaram, já que o Sindicato dos Empregados do Comércio não aderiu à medida.
Como aconteceu em todas as estações ferroviárias, o enorme terminal de Retiro, aonde milhares de pessoas chegam todos os dias da periferia norte de Buenos Aires, estava vazio e sujo, protegido por dezenas de policiais.
Apesar da paralisação de metrôs, ônibus e trens, algumas empresas ameaçaram descontar o dia dos funcionários faltosos.
A greve geral na Argentina também afetou voos domésticos e internacionais. A empresa aérea TAM, do grupo Latam Airlines, e a Gol tiveram que cancelar voos com destino ao país por causa do fechamento do aeroporto Jorge Newbery (Aeroparque), em Buenos Aires.