Tiroteio em Fort Hood teria começado com discussão entre soldados

Comandante da base disse que Ivan López brigou com outros soldados.

Ele também teria se irritado por ganhar só um dia de folga na morte da mãe

Uma discussão com outros soldados teria levado Ivan López, o atirador de Fort Hood, a matar três militares e ferir outros 16, antes de se suicidar. O Exército americano tentava nesta quinta-feira (3) traçar um perfil do autor do massacre, um veterano do Iraque sem antecedentes de violência e que não participou de combates no país.

“Parece que houve uma discussão com outros soldados”, afirmou na tarde desta quinta o general Mark Milley, comandante de base de Fort Hood, sobre o possível “elemento de deflagração” do incidente, de acordo com a agência de notícias France Presse (AFP).

“Não há indicações de que pretendia matar algumas pessoas em particular”, destacou o general em entrevista coletiva.

Segundo a agência de notícias Reuters, cinco dos feridos no tiroteio tiveram alta nesta quinta-feira e três soldados listados em condição “crítica” tiveram seu estado de saúde alterado para “sério”, depois de apresentarem melhora, segundo o Hospital Scott & White. Um dos soldados feridos no atentado foi identificado por parentes pelo Twitter. Trata-se do major Patrick Miller, de Nova York.

O Exército dos EUA afirma ter “fortes evidências” de que Lopez tinha “condições psicológicas ou psiquiátricas instáveis”, mas ainda não há motivos esclarecedores sobre o que o levou a abrir fogo em Fort Hood.

Mahogoney Jones, de 21 anos, era vizinha do cabo e disse que o viu pela última vez horas antes do incidente, quando ele passou em casa para almoçar. “Ele estava calmo. Ele fez carinho no meu cachorro e depois voltou para a base”, disse a vizinha à agência de notícias Reuters.

Perda da mãe e do avô
Lopez, de 34 anos, era natural de Porto Rico. À Reuters, o prefeito de Guayanilla, cidade natal do cabo, afirmou que, em 2013, Lopez se aborreceu com o fato de ter recebido apenas um dia de licença para comparecer ao enterro de sua mãe, que morreu pouco tempo depois de ele perder o avô.

“Essa foi uma das razões para ele estar muito contrariado”, disse o prefeito Edgardo Arlequin. “Eles [o Exército] só deram a ele 24 hores. Ele era muito, muito próximo de sua mãe. Sua mãe era uma pessoa boa e todos na cidade a conheciam.”

O cabo passou quatro meses no Iraque em 2011, coincidindo com os quatro últimos anos da operação militar americana no país. Na época, os soldados americanos ficavam somente nas bases, cuidando de assuntos logísticos e do treinamento das forças iraquianas, e não patrulhavam mais as ruas. Ele era condutor de um caminhão.

“Não consta nenhum ferimento, nem envolvimento direto em combates”, declarou o secretário do Exército, John McHugh, durante audiência com senadores da comissão das Forças Armadas.

Um problema recorrente entre os americanos que participaram das guerras do Iraque e do Afeganistão são lesões neurológicas, geralmente causadas pela proximidade de uma explosão, e que podem causar um estresse pós-traumático.

Entretanto, nada indica que o atirador de Fort Hood tenha tido lesões desse tipo.

Atendimento psiquiátrico
“Não sabemos qual foi sua motivação, mas é certo que esse militar sofria de problemas mentais. Ele tinha depressão e outros problemas psiquiátricos e psicológicos”, como ansiedade e distúrbios do sono, afirmou o comandante da base, general Mark Milley, ressaltando que ele era submetido a testes para determinar se sofria de estresse pós-traumático. Mas o diagnóstico ainda não havia sido liberado.

López estava sendo atendido por um psiquiatra desde o mês passado, acrescentou Milley.

“Até o momento, não temos indício algum em seus registros de que esses testes revelaram sinais de possível violência contra si mesmo ou contra outros”, explicou. O objetivo era “continuar a acompanhá-lo e manter o tratamento da maneira apropriada”.

Segundo o chefe do Estado-Maior, general Ray Odierno, o homem passou nove anos na Guarda Nacional de Porto Rico, e se alistou em 2008 no serviço militar americano.

Durante sua passagem pela Guarda Nacional, esteve na Península do Sinai, no Egito.

O autor dos disparos matou três pessoas e deixou 16 feridas, sendo três em estado crítico, antes de se suicidar. O militar estava alocado em Fort Hood desde fevereiro, era casado e tinha filhos. “Até o momento, não há qualquer indicação ligando esse incidente ao terrorismo, mas não descartamos nada”, explicou o general Milley.

“A sequência dos acontecimentos não está 100% clara. Acreditamos que entrou em um dos prédios (da base), atirou, entrou em um veículo, atirou novamente, foi a outro prédio e voltou a atirar”, relatou.

O atirador cometeu suicídio quando um agente o encontrou em um estacionamento. O general confirmou que a arma usada no ataque foi uma pistola calibre 45 que não estava registrada na base militar –como determina o regulamento– e que foi comprada em uma loja da região.

Um comunicado da base militar, que ficou fechada durante horas após o incidente, informou que “as pessoas feridas” foram levadas para o hospital Carl R. Darnall (de Fort Hood) e para “outros hospitais locais”.

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