Tribunal egípcio condena à morte 529 partidários do ex-presidente Morsi
Outros 16 réus foram absolvidos, informou um advogado de defesa.
Decisão ocorre em meio à escalada da repressão à Irmandade Muçulmana.
Um tribunal egípcio condenou à morte 529 membros da Irmandade Muçulmana nesta segunda-feira (24) por acusações que incluem assassinato, disse um advogado de defesa, em meio a uma crescente escalada da repressão sobre o movimento.
“A corte decidiu sentenciar à morte 529 réus e absolveu outros 16”, disse à Reuters o advogado Ahmed al- Sharif. Cabe recurso da decisão.
Desde o golpe militar de 3 de julho contra Morsi, milhares de seguidores da confraria foram detidos e dezenas deles condenados, mas até agora não a pena de morte não havia sido decretada a nenhum deles.
A corte, presidida pelo juiz Said Youssef, absolveu outros 17 membros e partidários da Irmandade processados na causa, cujo decisão deverá ser confirmada pelo mesmo tribunal em 28 de abril, logo depois de ser conhecida a opinião do mufti.
Os condenados foram considerados culpados de uma série de ataques a edifícios do governo e a delegacias na província de Minia, em protesto pelo violento despejo policial dos acampamentos dos islamitas no Cairo em agosto.
Um desses ataques teve como alvo a sede policial da cidade de Matai, onde foi assassinado o assistente do delegado, o coronel Mustafa Ragab. Os membros da Irmandade também foram condenados por tentativa de homicídio, roubo de armas e de incendiar o edifício.
Segundo vários veículos de comunicação egípcios, só 147 dos acusados estão presos, e o resto foi julgado à revelia.
A audiência do julgamento aconteceu entre estritas medidas de segurança. As ruas que dão acesso à sede do tribunal foram bloqueados pela polícia.
Os islamitas mantiveram seus protestos contra as autoridades interinas do Egito desde julho passado, apesar das detenções e da morte de centenas de pessoas por causa da repressão policial nestes meses.