Ucrânia retoma operação ‘antiterrorista’ no leste do país
Ação contra separatistas pró-Rússia foi retomada com fim de cessar-fogo.
Foram registrados confrontos em Kramatorsk e Donetsk.
As Forças Armadas ucranianas retomaram na manhã desta terça-feira (1º) a operação “antiterrorista” contra os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, anunciou o presidente do Parlamento, Oleksandr Turchynov.
“As Forças Armadas realizam ataques contra as bases e os redutos dos terroristas”, disse Turchynov.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, já havia descartado a prorrogação do cessar-fogo e advertiu que as tropas “passariam ao ataque”.
Turchynov, que se reuniu com os ministros da Defesa e do Interior, não revelou detalhes sobre as operações.
No campo de batalha, a situação parecia inalterada em relação aos últimos dias de cessar-fogo, nos quais foram registrados muitos incidentes, com trocas de acusações dos dois lados.
O incidente mais grave desde o fim do cessar-fogo acontece nesta terça-feira em Kramatorsk, na região de Donetsk, onde tiros de de origem desconhecida deixaram quatro mortos em um ônibus, informou o governo regional, leal a Kiev, citado pela agência Interfax Ucrânia.
A imprensa ucraniana também informou sobre tiros durante a noite em Donetsk, mas durante a manhã a situação estava calma na cidade, assim como na estrada que vai até outro reduto separatista, Slaviansk.
Após a retomada da operação, o ministério russo das Relações Exteriores disse que as autoridades ucranianas deverão responder pelos crimes cometidos contra a população civil na região leste do país.
“Fazemos um apelo às autoridades ucranianas a não bombardear cidades e vilarejos, e voltar a um cessar-fogo real e não fictício, para proteger a vida da população”, afirma um comunicado do ministério.
“Kiev deverá responder pelos crimes cometidos contra a população civil”, completa a nota.
Fim do cessar-fogo
O presidente ucraniano teve o cuidado de não culpar, nem mencionar a Rússia, considerada por Kiev e pelo Ocidente responsável, em parte, pela agitação separatista.
“Perdeu-se a possibilidade, única, de cumprir o plano de paz. Isso se deve às ações criminosas dos combatentes (separatistas), que proclamaram publicamente sua recusa a apoiar o plano de paz, em geral, e o cessar-fogo em particular”, explicou Poroshenko.
“Estamos dispostos a retomar o cessar-fogo a qualquer momento, quando virmos que todas as partes acatam os pontos essenciais deste plano de paz”, disse o presidente ucraniano.
Poroshenko também exige a libertação dos sequestrados por parte dos separatistas.
“Que os combatentes libertem os reféns, e que, do outro lado da fronteira (do lado russo), seja aceso o sinal vermelho contra os sabotadores e os fornecedores de armas. E que a OSCE fiscalize o cumprimento às regras na fronteira”, pediu Poroshenko.
Na tentativa de tranquilizar os habitantes das zonas separatistas, Poroshenko prometeu que as forças ucranianas não vão atirar nos bairros residenciais e que aqueles que entregarem as armas não terão de se sentar no banco dos réus.